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Inflação se acelera e sinaliza alta dos juros
Taxa do IGP-DI foi de 0,70% em março e acumula 9,18% em 12 meses; com isso, mais analistas prevêem juros maiores
Destacaram-se neste ano
os reajustes em setores como siderurgia, papel
e celulose, química e mineração, segundo a FGV
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna) subiu para 0,70% em março
-em fevereiro, 0,38%- e reforçou a perspectiva de aumento
da taxa básica de juros. No acumulado em 12 meses, o índice
está em 9,18% -a maior taxa
desde abril de 2005 (10,22%).
Os dados mostram que estão
ainda mais nítidos os sinais de
que o consumo está aquecido,
sem a contrapartida do aumento da produção no mesmo ritmo, dizem especialistas.
Com o receio de que a situação se converta em pressões inflacionárias futuras, cresceu no
mercado o número de analistas
que apostam no IPCA mais alto
e na taxa Selic maior neste ano,
segundo o Boletim Focus, do
Banco Central.
A maior parte dos analistas já
aposta em alta de 0,25 ponto
percentual na reunião do Copom na próxima semana.
O maior temor do BC é que a
alta que está hoje mais circunscrita ao atacado chegue ao varejo. Maior fonte de pressão do
índice geral, o IPA (Índice de
Preços por Atacado) passou de
0,52% em fevereiro para 0,80%
em março, segundo a FGV. Já o
IPC (Índice de Preços ao Consumidor) teve alta de 0,45%,
após estabilidade em fevereiro.
O IGP-DI subiu na esteira
dos produtos industriais no
atacado. Os preços industriais
saltaram de 0,79% para 0,94%.
Destacaram-se neste ano os
reajustes em setores como siderurgia, papel e celulose, química e mineração. "Infelizmente, os dados mostram que a
produção não acompanha o aumento do consumo neste momento de economia aquecida.
Esse movimento é bem espalhado e deve levar o BC a subir a
taxa de juros", diz Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da corretora SLW.
O economista Luiz Roberto
Cunha avalia que o país está
longe de um cenário de descontrole inflacionário. Diz, porém,
que é prudente elevar os juros
para conter o consumo, que
cresce com vigor graças à explosão do crédito.
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, a inflação "não se
desgovernou" e "talvez esteja
até se acomodando", depois de
ter dado "um susto no final de
2007". Para ele, não há indicação de que a taxa supere o centro da meta (4,5%) deste ano,
apesar das recentes pressões.
A inflação no Brasil responde
ainda ao forte aumento dos
preços das commodities agrícolas e metálicas no mundo, segundo Cunha. Tal efeito pressionou os preços agrícolas no
atacado, cuja alta chegou a
0,46% em março (em fevereiro,
houve queda de 0,19%).
"Vivemos um momento de
desequilíbrio que não tem só a
ver com a alta das commodities, mas principalmente em
razão do forte ritmo de aceleração do consumo, impulsionado
pelo crédito", diz Cunha. Para
ele, elevar a Selic é a medida
mais eficaz para sinalizar aos
bancos que está na hora de conter a expansão do crédito.
Mas há uma corrente de economistas que acredita que a expansão do investimento consegue atender a demanda.
"As decisões de investir vêm
tendo forte aceleração nos últimos seis meses, originando
uma fonte de dinamismo para a
economia associada à estabilidade de preços poucas vezes
encontrada na economia brasileira", diz relatório do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Para Rafael Castro, a preocupação do BC com o aumento do
preço dos insumos se justifica,
mas tais reajustes ainda não
chegaram com intensidade aos
preços ao consumidor.
Colaborou CIRILO JUNIOR , da Folha Online
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