São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Operação prende 22 acusados de sonegação com carros

Entre os presos pela Polícia Federal em ação realizada em três Estados, estão filho e sobrinho do governador de RO

PF acusa grupo de montar quadrilha que subfaturou importação de veículos de luxo e sonegou, apenas em 2007, cerca de R$ 7 milhões

CÍNTIA ACAYABA
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal prendeu ontem 22 pessoas em três Estados sob a acusação de integrarem uma quadrilha que, por meio do subfaturamento na importação de veículos de luxo, sonegou em torno de R$ 7 milhões apenas no último ano.
Entre os presos estão Ivo Cassol Jr. e Alessandro Cassol, filho e sobrinho do governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido). A PF afirma que eles receberam vantagens para negociar, com o governo, benefícios fiscais irregulares.
A mesma suspeita recai sobre o ex-senador Mário Calixto, dono do maior jornal rondoniense, "O Estadão do Norte". Ele também foi detido. O Ministério Público Federal no Espírito Santo, que realizou as investigações, encaminhou documentos à Procuradoria Geral da República, em Brasília, para que seja analisado um suposto envolvimento do próprio governador com o grupo.
No Espírito Santo, o empresário Adriano Scopel foi preso sob a suspeita de liderar o esquema. Ele é um dos donos da Tag Importação e Exportação. O pai dele, Pedro Scopel, outro detido ontem, administra o terminal portuário de Peiú, em Vila Velha, desde 1998.
Era por lá que os veículos chegavam. Apenas em 2007, foram 190 -modelos como Lamborghines, Ferraris e Porsches. A sede da empresa, no entanto, está em Porto Velho (RO). "A Tag só tem uma salinha na capital de Rondônia", disse o delegado Honazi de Paula Farias, que comandou a operação.
A empresa se instalou em Rondônia em 2005 e conseguiu benefício de 85% de crédito presumido de ICMS em 2006. Quando o incentivo foi suspenso, o grupo ofereceu R$ 190 mil a Calixto para que ele influenciasse o governo a voltar a concedê-lo, disse o MPF.
Sem êxito, o grupo procurou a família de Cassol. Segundo a procuradoria, Cassol Jr. e Alessandro "pediram e ganharam de Adriano Scopel passagens aéreas para São Paulo e ingressos para um camarote de luxo, em valor estimado de R$ 29 mil, para a corrida de Fórmula 1", em outubro de 2007. O contrato acabou reativado.
O esquema de fraudes fiscais consistia em declarar valores inferiores ao do produto, com a conivência de servidores públicos -um subfaturamento estimado de 30% a 40%. Três auditores foram presos, sob a acusação de facilitar a passagem das mercadorias pela aduana.
Em São Paulo, ao menos dois proprietários de lojas de carros de luxo foram presos. Nos EUA, a PF e a procuradoria identificaram o suposto envolvimento de duas empresas que passavam informações falsas sobre os valores dos veículos. Um dos investigados pode ser preso pelo FBI e deportado ao Brasil. Entre os crimes supostamente cometidos, estão corrupção de servidores públicos, descaminho, lavagem de bens e capitais, tráfico de influência e corrupção ativa e passiva.
As investigações começaram em janeiro de 2007 para apurar registros irregulares de embarcações. Identificou-se, diz a PF, que Scopel colocava embarcações em nomes de laranjas. Entre os barcos de Scopel, havia uma lancha comprada do empresário Daniel Marostica, braço direito do traficante colombiano Juan Carlos Abadía.


Colaborou ANDREA MICHAEL , da Sucursal de Brasília


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