|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reajuste de benefícios gera impasse
Senadores decidem dar aumento maior ainda a aposentados, de 7,71%, enquanto deputados negociavam 7%
Governo havia concordado com proposta da Câmara; diante do impasse, pode ser que Lula vete o índice novo
e o reajuste fique em 6,14%
MARIA CLARA CABRAL
GABRIELA GUERREIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um novo acordo fechado entre os líderes partidários no Senado provocou impasse em torno do índice de reajuste para os
aposentados que ganham acima de um salário mínimo.
No final da tarde de ontem,
os senadores decidiram conceder aumento nominal de 7,71%
para a categoria, o que equivale
a repassar a inflação do ano
passado mais 80% do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2008.
O problema é que o governo
já tinha dado o aval para um
reajuste menor, de 7%, acordado anteriormente com os deputados. Nos dois casos, o benefício seria retroativo a janeiro
deste ano e o reajuste de 2011
ficaria desvinculado da discussão atual, deixando o assunto
para depois das eleições.
"Se não forem os 7% [que já
haviam sido acertados], vai ser
o veto do presidente Lula e eles
[os aposentados] vão ficar sem
nada", disse o líder do PT na
Câmara, deputado Fernando
Ferro (PE), após a reunião dos
senadores.
Originalmente, a medida
provisória que trata do salário
mínimo concede aumento de
6,14% aos aposentados que ganham mais de um mínimo.
A proposta já está na pauta da
Câmara, mas, por causa do impasse, só deve ser votada na semana que vem. Depois de aprovada pelos deputados, ela obrigatoriamente segue para o Senado. Se for modificada, retorna à Câmara.
O temor do governo é exatamente esse: que, em período
eleitoral, deputados não arquem com o ônus de dar reajuste menor do que o concedido
pelos senadores. "O Senado
aprova e a gente fica mal na história?", questionou o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Queremos chegar a um ponto que dê conforto para a Câmara e o Senado. Nossa responsabilidade é com o povo e com o
país. Não vamos tomar posições eleitoreiras ou demagógicas, nem pressionados por um
setor da sociedade", respondeu
o líder do governo, Cândido
Vaccarezza (PT-SP).
Convencer o dono do cofre
De acordo com cálculos dos
congressistas, o reajuste de 7%
-que corresponde à inflação de
2009 mais dois terços da variação do PIB de 2008- resultaria
em um impacto a mais para a
Previdência Social de cerca de
R$ 1,1 bilhão no ano. Com o aumento de 7,71%, o impacto seria de cerca de R$ 1,8 bilhão.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
disse que ainda vai levar o índice maior ao presidente Lula e à
equipe econômica.
"Agora é a parte mais difícil:
tem de fechar a proposta com o
dono do cofre. Espero que o ministro [Guido] Mantega [Fazenda] possa fazer esse arredondamento, é o momento de
demonstrar essa prioridade."
O presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), Warley Martins Gonçalles, disse
que a entidade considera "justo" o percentual de 7,71%. "É
uma grande vitória, mas continuaremos na luta em favor dos
aposentados. Se não colocar o
feijão numa [panela de] pressão, ele não cozinha."
O senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado Arnaldo Faria
de Sá (PTB-SP), maiores defensores da categoria no Congresso, estavam presentes ao encontro. Depois da reunião com
os senadores, Vaccarezza disse
que prefere ser derrotado e
manter o reajuste de 6,14% a
dar o aval ao aumento de 7,71%.
Texto Anterior: Imposto de Renda / Serviço Folha-IOB: Receita libera hoje consulta a novas restituições Próximo Texto: Frase Índice
|