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Para a Moody's, país continua vulnerável a choques
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Em seu relatório anual sobre o
Brasil, a agência de classificação
de risco Moody's diz que a vulnerabilidade do país não diminuiu,
apesar da ação "rápida" do governo para atenuá-la.
Mesmo lembrando que o país
superou com sucesso os últimos
choques que apareceram, a
Moody's opina que mudanças repentinas no humor dos investidores são ameaça ao Brasil e que o
ajuste externo é precário.
Em suas palavras: "A probabilidade de ocorrerem choques segue
alta e, para a Moody's, a vulnerabilidade do Brasil a choques inesperados não declinou".
A classificação brasileira foi rebaixada em agosto do ano passado e desde então não a mudou.
Concorrentes suas têm visão
um tanto mais otimista sobre o
Brasil e já revisaram para cima
sua avaliação neste ano.
A Fitch fez isso em março. "O
déficit em conta corrente vem diminuindo muito, reduzindo a necessidade de financiamento internacional e a vulnerabilidade a
choques externos", explicou.
Na semana passada, foi a vez da
Standard & Poor's. "O ajuste externo não tem precedentes. E a
política do novo governo realmente é apoiar as exportações",
diz Helena Hessel, analista sênior
da agência para o Brasil.
A Moody's, por sua vez, prioriza
outra linha de raciocínio em sua
análise anual. Diz que o crescimento é baixo e que para mudar
isso é necessário aumentar as importações; como a expansão das
exportações é "limitada", abre-se
a porta que alimenta o déficit em
conta corrente. Para financiar esse déficit, lembra a agência, é preciso investimento do exterior.
"O capital que vai para países
como vulnerabilidade externa é
altamente volátil. Quando a percepção dos investidores muda e a
confiança some, o capital dá as
costas, as importações entram em
colapso e a economia desacelera",
diz.
A Moody's aponta ainda que o
otimismo com o novo governo
não surpreende e tampouco serve
como garantia maior ao país.
"O efeito positivo da mudança
no mercado levou, no primeiro
trimestre, a um aumento do fluxo
de capital, estreitamento dos
spreads, desaceleração da inflação, crescimento das exportações,
mais acesso de bancos e empresas
brasileiras ao mercado e tímida
recuperação nas importações",
diz a agência. "No entanto, a volatilidade e a vulnerabilidade não
diminuíram. Em 2003, o investimento estrangeiro direito possivelmente diminuirá em termos
absolutos, o que em parte reflete
condições mundiais."
Pior, diz a Moody's, é que o
ajuste externo "é dramático, mas
não há garantia de que seja sustentável no médio prazo". A agência não vê grandes mudanças na
estrutura da balança comercial.
"O Brasil tem ganhado produtividade, mas a informação empírica disponível não mostra mudança na dinâmica de longo prazo
das exportações. Em outras palavras, os setores que têm criado superávits e os que não têm parecem ser os mesmos uma década
depois." Assim, diz ela, a diminuição do déficit em alguns setores
"provavelmente será puramente
transitória".
Por outro lado, o relatório, assinado por Ernesto Martinez-Alas,
vice-presidente da Moody's, destaca que o novo governo tem se
mantido firme em buscar políticas antiinflacionárias.
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