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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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Para a Moody's, país continua vulnerável a choques

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Em seu relatório anual sobre o Brasil, a agência de classificação de risco Moody's diz que a vulnerabilidade do país não diminuiu, apesar da ação "rápida" do governo para atenuá-la.
Mesmo lembrando que o país superou com sucesso os últimos choques que apareceram, a Moody's opina que mudanças repentinas no humor dos investidores são ameaça ao Brasil e que o ajuste externo é precário.
Em suas palavras: "A probabilidade de ocorrerem choques segue alta e, para a Moody's, a vulnerabilidade do Brasil a choques inesperados não declinou".
A classificação brasileira foi rebaixada em agosto do ano passado e desde então não a mudou.
Concorrentes suas têm visão um tanto mais otimista sobre o Brasil e já revisaram para cima sua avaliação neste ano.
A Fitch fez isso em março. "O déficit em conta corrente vem diminuindo muito, reduzindo a necessidade de financiamento internacional e a vulnerabilidade a choques externos", explicou.
Na semana passada, foi a vez da Standard & Poor's. "O ajuste externo não tem precedentes. E a política do novo governo realmente é apoiar as exportações", diz Helena Hessel, analista sênior da agência para o Brasil.
A Moody's, por sua vez, prioriza outra linha de raciocínio em sua análise anual. Diz que o crescimento é baixo e que para mudar isso é necessário aumentar as importações; como a expansão das exportações é "limitada", abre-se a porta que alimenta o déficit em conta corrente. Para financiar esse déficit, lembra a agência, é preciso investimento do exterior.
"O capital que vai para países como vulnerabilidade externa é altamente volátil. Quando a percepção dos investidores muda e a confiança some, o capital dá as costas, as importações entram em colapso e a economia desacelera", diz.
A Moody's aponta ainda que o otimismo com o novo governo não surpreende e tampouco serve como garantia maior ao país.
"O efeito positivo da mudança no mercado levou, no primeiro trimestre, a um aumento do fluxo de capital, estreitamento dos spreads, desaceleração da inflação, crescimento das exportações, mais acesso de bancos e empresas brasileiras ao mercado e tímida recuperação nas importações", diz a agência. "No entanto, a volatilidade e a vulnerabilidade não diminuíram. Em 2003, o investimento estrangeiro direito possivelmente diminuirá em termos absolutos, o que em parte reflete condições mundiais."
Pior, diz a Moody's, é que o ajuste externo "é dramático, mas não há garantia de que seja sustentável no médio prazo". A agência não vê grandes mudanças na estrutura da balança comercial.
"O Brasil tem ganhado produtividade, mas a informação empírica disponível não mostra mudança na dinâmica de longo prazo das exportações. Em outras palavras, os setores que têm criado superávits e os que não têm parecem ser os mesmos uma década depois." Assim, diz ela, a diminuição do déficit em alguns setores "provavelmente será puramente transitória".
Por outro lado, o relatório, assinado por Ernesto Martinez-Alas, vice-presidente da Moody's, destaca que o novo governo tem se mantido firme em buscar políticas antiinflacionárias.


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