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DRAGÃO CONTROLADO
Inflação acumulada no período é de 5,26%, a mais baixa nesse tipo de comparação desde 1999
IPCA em 12 meses está abaixo da meta anual
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), índice oficial de inflação, ficou em 0,37%
em abril e, pela primeira vez no
ano, a taxa de 12 meses (5,26%)
convergiu para o centro da meta
de 2004 -de 5,5%.
É a menor variação em 12 meses
desde julho de 1999 (4,57%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em
março, o IPCA havia sido de
0,47%. No ano, o índice acumula
uma alta de 2,23%.
Desde que o BC (Banco Central)
instituiu o regime de metas de inflação, em 1999, uma taxa igual ou
menor ao centro da meta só foi alcançada em 2000: o IPCA ficou
em 5,67%, contra uma meta de
6%. No ano passado, a meta ajustada era de 8%. O índice ficou em
9,3%. O sistema de metas sempre
prevê uma faixa de tolerância de
dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Em 1999, o BC chegou a elevar o
juro a 45% ao ano para conter o
consumo, e conseqüentemente, a
inflação, por causa da crise que levou à desvalorização do real.
Em 2003, a história foi parecida:
com a disparada do dólar em
2002, a taxa foi elevada a 26,5% ao
ano para tentar trazer a inflação
de volta para a meta. Resultado: o
PIB (Produto Interno Bruto) caiu
0,2% no ano passado.
Para a gerente de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos
Santos, o que explica um índice
anualizado tão baixo é a estabilidade do câmbio. "Os efeitos do
choque cambial ficaram para
trás", disse, acrescentando que a
inflação está sob controle e que as
altas de preços são "pontuais".
Segundo ela, a inflação de abril
"foi basicamente de preços administrados [remédios, tarifas e
combustíveis]". As maiores pressões vieram dos remédios -que
subiram 3% (com impacto de 0,12
na taxa), por causa do aumento
autorizado pelo governo de 5,7%.
Também puxaram a taxa para
cima energia elétrica (1,21%, com
impacto de 0,06%) e gás de cozinha (2,35%, com contribuição de
0,04 ponto). Os artigos de vestuário subiram 1,11%.
Por outro lado, uma deflação
dos alimentos (-0,34%, com impacto negativo de 0,08 ponto percentual), embalada pela boa safra,
ajudou a reduzir o IPCA. Tiveram
quedas de destaque tomate, feijão
carioca, arroz, frutas e carnes.
Ainda que num ritmo menor do
que em março, o álcool caiu
4,20%. A gasolina cedeu 1,41%.
Risco petróleo
Apesar da queda da inflação,
uma variável em especial preocupa especialistas ouvidos pela Folha: a alta recorde do preço do petróleo, que já se reflete em alguns
aumentos no atacado.
Para Alexandre Sant'Anna, da
administradora de recursos ARX
Capital, a inflação dos preços livres (sensíveis ao aumento dos juros) caiu em abril, o que mantém
espaço para o Banco Central optar por um corte de 0,25 ponto
percentual neste mês. A taxa básica de juros está em 16% ao ano.
A gasolina, porém, poderá subir
até 10% ao consumidor, se a Petrobras ajustar seus preços aos do
mercado externo -há, segundo
ele, uma defasagem na refinaria
de cerca de 20%.
A própria Petrobras informou,
no entanto, que ainda tem uma
"gordura" para queimar antes de
alinhar seus preços e que não há
previsão de reajustes.
O economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, minimiza o possível aumento da gasolina. Diz que o próprio BC já incorporou na meta deste ano uma
elevação de 9%.
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