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DIAS DE TENSÃO
Wall Street prevê mais nervosismo até junho
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
A reação do mercado à expectativa de que o Fed (banco central
americano) aumente os juros
num futuro próximo, que afeta os
mercados emergentes, deve perdurar até junho, dizem analistas
de Wall Street ouvidos pela Folha.
"No curto prazo, parece que haverá nervosismo nos mercados.
No longo prazo, estou mais otimista. Falo dos próximos meses,
entre agora e o fim de junho", afirma John Herman, economista da
corretora Cantor Fitzgerald, após
ser questionado sobre a atual instabilidade no Brasil.
Mohamed el-Erian, analista da
Pimco, corretora especializada
em mercados emergentes, também vê um cenário de nervosismo seguido de efeitos positivos
provocados pelo crescimento da
economia americana.
"Tendemos a esperar ver isso
acontecer com algum atraso.
Mercados financeiros reagem
mais rápido que o mercado de
bens. É difícil dizer quanto demora para os efeitos positivos aparecerem, pode ser em algum momento nos próximos dois meses."
"Efeitos técnicos"
Todos foram unânimes em afirmar que os números de grande
crescimento de empregos nos
EUA levam a esperar um aumento da taxa de juros pelo Fed mais
cedo do que se esperava.
Muitos apostam na próxima
reunião, no mês de junho, para a
primeira elevação.
É a opinião de Michael Gavin,
especialista em América Latina do
banco UBS. "A primeira elevação
deve acontecer antes das eleições
[para presidente, em novembro],
provavelmente em junho."
Ele vê "alguma surpresa na
magnitude da reação do mercado" a essa possibilidade e prevê
um cenário para os emergentes
no futuro próximo mais "desafiador" do que se esperava.
El-Erian diz não esperar que os
atuais "efeitos técnicos", como ele
chama o nervosismo do mercado,
criem problemas maiores para a
economia brasileira.
A primeira razão é a recuperação da economia americana, que
deve trazer efeitos positivos para
as exportações brasileiras.
Depois, ele avalia que a questão
é saber se o governo Lula poderá
manter a política econômica.
Finalmente, para ele, o Brasil
continuará bem porque a economia da China deve ter uma desaceleração suave, com efeitos menores para as exportações do país.
A opinião é compartilhada por
Herman: "As pessoas estão ficando nervosas com a alta dos juros
nos EUA, mas o fato é que o crescimento maior da economia americana terá efeitos na América Latina. E a economia deve melhorar
por lá também".
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