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BC vê com reservas proposta de fundo soberano
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central ainda vê
com reservas a proposta em
elaboração pela Fazenda para o
fundo soberano destinado a financiar operações de empresas
brasileiras no exterior e reduzir
a entrada de dólares no país,
cujo formato foi antecipado ontem pela Folha.
A proposta, que será lançada
no final do mês que vem, prevê
que, além da compra de papéis
emitidos pelo BNDES no mercado internacional, o fundo só
possa aplicar em títulos ou
ações de empresas e países
considerados mais seguros, minimizando riscos de prejuízos.
Segundo a Folha apurou,
uma sugestão discutida em recente reunião da equipe econômica com o presidente Luiz
Inácio da Silva e economistas
de fora do governo previa que,
além dos dólares que estão sobrando no mercado, a capitalização do novo fundo fosse feita
com os recursos que excedessem o superávit primário (parcela da receita destinada ao
abatimento da dívida pública).
Com isso, o fundo seria percebido como parte de um novo
arcabouço fiscal, com maior rigor. Essa idéia teria a simpatia
do BC, mas encontra resistências dentro do Palácio do Planalto, que não quer dar à equipe econômica motivos para aumentar o esforço fiscal do governo além do já pactuado.
O próprio presidente Lula
preferiria usar parte das receitas esperadas com a exploração
pela Petrobras dos novos campos de petróleo como uma das
fontes de recursos do novo fundo. Isso poderia ser feito com
uma taxação sobre exportações
futuras dos produtos oriundos
dessas reservas e se enquadraria na intenção da Fazenda de
destinar uma parcela específica de determinado tributo para
o fundo, aumentando essa nova poupança do país.
Para o BC, a proposta atual
distorce o modelo de fundo soberano existente em boa parte
do mundo e pode colocar em
risco recursos que, em última
instância, deveriam servir como um seguro para momentos
mais turbulentos.
A avaliação da cúpula da instituição é que o fundo deveria
servir de instrumento para encontrar formas de aumentar a
rentabilidade das reservas internacionais com o menor risco possível, e não financiar as
exportações, sem perder de
vista que as aplicações feitas
com recursos das reservas precisam ter liquidez.
Desde que perdeu essa batalha, o Banco Centra tem se
mantido fora das discussões da
montagem do fundo soberano,
que está sendo conduzida exclusivamente pela Fazenda. O
BC insiste até para tentar desvincular o fundo das reservas
internacionais, que continuarão sendo administradas pelo
banco.
No entanto, na prática, os
dólares que o Tesouro Nacional passará a comprar no mercado para capitalizar o fundo
são os mesmos que, até então, o
BC comprava para engordar as
reservas. O BC manterá suas
intervenções, mas, com o Tesouro atuando com mais intensidade, isso deverá reduzir as
compras do Banco Central.
Mantega
Após reunião mantida no Palácio do Planalto com o presidente Lula e com o presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse não
temer uma enxurrada de dólares no mercado brasileiro após
a obtenção do grau de investimento pelo país.
"Não podemos esquecer que
no cenário internacional continua havendo crise de liquidez.
Isso significa que não está sobrando muito dinheiro para vir
para o Brasil", comentou.
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