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Aluno do Senai custa quase um universitário
Cada hora de aula gratuita do Sistema S custou R$ 13 contra R$ 12 das universidades federais e R$ 5 em escolas técnicas do governo
Senai questiona metodologia utilizada na comparação; ministério da Educação propõe mudança no sistema e na distribuição dos recursos
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Um aluno que estuda gratuitamente no Senai (Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial) custa, por hora de aula
efetivamente recebida, algo
próximo de um estudante de
universidade federal e mais do
que o dos Cefets (Centro Federal de Educação Tecnológica).
A conta é feita a partir do relatório do Senai, que informa,
para 2007, o valor que foi arrecadado da contribuição obrigatória sobre a folha de pagamento das empresas, o número de
matrículas gratuitas e pagas e o
total de horas de aulas efetivamente dadas em cada curso.
O MEC fez as mesmas contas
a partir do relatório do Senai. A
equipe técnica do Ministério da
Educação chegou às mesmas
conclusões: levando em conta a
carga horária, o custo de formação de um aluno gratuitamente
no Senai se equivale ao de um
universitário da rede federal.
O Senai é um dos principais
braços do Sistema S (conjunto
de instituições da área de formação profissional). As entidades desse sistema e o MEC estão em conflito por causa da
proposta do governo de criar
regras mais rígidas para distribuição dos recursos arrecadados por meio da contribuição
obrigatória de 2,5% da folha de
pagamento das empresas.
Para o ministério, o sistema,
gerido pelas entidades patronais, é caro, elitista e pouco
transparente. Para as entidades, a proposta do governo é intervencionista, mexe numa estrutura de formação profissional de reconhecida qualidade e
que atende prioritariamente à
demanda de empresas por
mão-de-obra qualificada.
Segundo seu site e o relatório
da instituição, em 2007, o Senai
arrecadou R$ 1,46 bilhão das
empresas e teve 2,2 milhões de
matrículas -51% (1,1 milhão de
matrículas) eram gratuitas.
Se forem considerados só 1,1
milhão de matrículas gratuitas
e o valor arrecadado de contribuição das empresas (R$ 1,46
bilhão), cada matrícula representou um gasto de R$ 1.315.
Considerando todas os 2,2 milhões de matrículas, R$ 670.
Esses valores médios não seriam considerados altos se
comparados com os do ensino
público, mas, como diz a própria instituição, a maioria das
matrículas, principalmente as
gratuitas, foi registrada em cursos de mais curta duração.
O relatório do Senai também
registra o número de horas de
aulas efetivamente dadas por
aluno. Em todos os cursos
-desde os de maior duração
aos de curta carga horária-, os
alunos tiveram, em média, 85
horas de aula. Levando em conta o gasto por estudante matriculado e o tempo médio em que
ele ficou em sala de aula, os valores do Senai se aproximam ao
de universidades federais -se
forem considerados só os estudantes que estudam gratuitamente- e superam o de um
aluno de nível técnico no Cefet.
Segundo o MEC, o gasto médio de um universitário da rede
federal é de R$ 9.400. Como a
maioria dos cursos tem carga
horária de 800 horas por ano,
cada hora de aula custou aproximadamente R$ 12 por aluno.
Nos Cefets, o gasto médio é
de R$ 3.700 por ano para uma
carga horária mínima (muitos
cursos a superam) também de
800 horas anuais, o que significa um custo por hora de aula de
R$ 5 por aluno. Já o aluno do
Senai custou, por ano, R$ 1.315
(considerando só as matrículas
gratuitas) ou R$ 670 (considerando todas as matrículas).
No entanto, como a carga horária média (de 85 horas) de aulas efetivamente dadas é menor
do que as 800 horas anuais de
um curso universitário ou técnico, o gasto médio por hora no
Senai fica em R$ 13 (considerando apenas as matrículas
gratuitas) ou em R$ 8 (considerando o total de matrículas).
No primeiro caso, é um valor
ligeiramente superior ao de um
universitário federal. No segundo, é maior que o de um aluno da rede técnica federal.
"Não faz sentido a formação
de um aluno do Senai custar
mais do que a de um universitário. Estamos formando em cursos de curta duração ao custo
de um engenheiro em universidade federal", diz o ministro da
Educação, Fernando Haddad.
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