São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

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Brasil ajudará a Grécia com
US$ 286 mi

Recursos serão alocados no FMI e representam cerca de 0,75% do que o Fundo destinará ao país em seu plano de resgate

De acordo com o ministro Guido Mantega (Fazenda), valor sairá das reservas internacionais do Brasil, mas não reduzirá seu volume

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Brasil fará um aporte de US$ 286 milhões (R$ 526 milhões) no FMI (Fundo Monetário Internacional) para ajudar a conter a crise na Grécia, afirmou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O valor equivale a cerca de 0,75% dos recursos que o Fundo destinará ao país.
No final de semana passado, o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia anunciaram um plano de socorro de € 110 bilhões à Grécia, o maior pacote de resgate já concedido a um país. Só o Fundo participará com aproximadamente € 30 bilhões. "Colocaremos o que for necessário para ajudar a Grécia", disse Mantega ontem.
De acordo com ele, os recursos serão provenientes das reservas internacionais do Brasil, hoje estimadas em US$ 245 bilhões. Mas o empréstimo não irá reduzir essa cifra, disse, já que o valor será convertido pelo FMI em direitos especiais de saque (uma espécie de moeda emitida pelo FMI) ao Brasil.
"Então a reserva não muda porque é só uma troca de aplicação, e o direito especial de saque também rende juros."
Um porta-voz do FMI confirmou à Folha que o Brasil contribuirá com o empréstimo para a Grécia. Mas essa não será a primeira vez que o país oferece recursos para as operações de crédito do Fundo.
O Brasil passou a integrar em 2009 o clube de credores do FMI. "São 38 países com uma situação mais sólida e que no momento de uma crise são chamados a colocar dinheiro", afirmou Mantega.
O ministro não especificou quando o depósito será efetivado. Ele mencionou, porém, a próxima reunião dos líderes G20 (que reúne as principais economias do mundo), a ser realizada em Seul, no começo de junho. "No limite, o G20 irá resolver o problema [da Grécia] se o G7 [o clube dos países ricos] não resolver."
Ele reclamou da demora da União Europeia em encontrar uma solução para as turbulências na Grécia. Questionado se o Brasil possui títulos da dívida grega, Mantega afirmou que alguns bancos privados brasileiros podem ter esses papéis, mas em um percentual baixo.

Exportações
De acordo com o ministro, a crise na Europa terá consequências "muito leves" para o país e não afetará o crescimento econômico neste ano. Para ele, o impacto maior deverá vir pelo lado do comércio exterior. "A recuperação dos países europeus será mais lenta, então teremos que esperar mais tempo para aumentar as exportações para a região."
Ele estimou, no entanto, que a situação externa deverá ter uma melhora a partir de 2011 ou 2012, por conta de indicadores positivos em países como os Estados Unidos. Mantega citou a criação de 290 mil vagas no mês de abril no país, o maior aumento desde março de 2006.


Colaborou ANDREA MURTA , de Washington


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