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Consumo em alta e chuvas pressionam a inflação
IPCA de 0,57% é o maior para
meses de abril desde 2005
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Com emprego e renda em expansão e o crédito estimulando
o consumo, a inflação encontra
terreno fértil para avançar, ainda mais num cenário de oferta
mais restrita de alguns alimentos por conta das chuvas.
Combinados, esses fatos levaram o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) a
fechar o primeiro quadrimestre de 2010 com alta de 2,65%,
maior marca para o período
desde 2005 (2,68%).
Em abril, o índice teve alta de
0,57%, também a maior para tal
mês desde 2005 (0,52% em
março). No acumulado em 12
meses até abril, a taxa de 5,26%
supera o centro da meta do ano
(4,5%, com intervalo de dois
pontos para cima ou para baixo). Em quatro meses, já foram
"consumidos" 59% da meta.
Analistas ouvidos pela Folha
dizem que o repique na inflação causado pela menor oferta
de alimentos devido às chuvas
não seria tão intenso se a economia não estivesse aquecida.
No primeiro quadrimestre, o
grupo alimentação subiu 5,19%
-a maior alta para o período
desde 2003. Nesses quatro meses, a inflação dos produtos alimentícios já supera os 3,18% de
todo o ano de 2009.
Em abril, os alimentos avançaram 1,45%, pouco abaixo da
taxa de março (1,55%), mas em
nível historicamente alto.
Para a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina
Nunes dos Santos, o grupo passa por uma fase de "alta generalizada". Afetados pelas chuvas, produtos como tomate, feijão e batata subiram com força
tanto no quadrimestre como
em abril. Também aumentaram com força carnes e leite
-produto que tem alta sazonal
no primeiro semestre.
Jean Barbosa, da Tendências
Consultoria, diz que o ritmo da
atividade econômica "surpreende até os mais otimistas"
e proporciona reajustes mais
intensos. "Com a economia
aquecida, fica mais fácil repassar pressões de custo, como as
provocadas pelas chuvas."
Um exemplo, diz, é a alta de
1,28% em abril dos artigos de
vestuário, reajustados com o
lançamento da nova coleção.
Em abril, remédios (alta de
2,22%) e os veículos (1,04%)
também puxaram a inflação
-o último sob impacto do fim
do IPI reduzido.
Tal cenário de vigoroso crescimento econômico, diz Barbosa, tende a se dissipar um pouco com o fim do estímulo das
desonerações de tributos.
Já Fábio Silveira, da RC Consultores, acredita que "a crise
na Europa vai trazer um salutar esfriamento" do nível de
atividade e consequentemente
uma menor pressão inflacionária. Para ele, a disparada dos
alimentos foi "transitória" e
não coloca em risco o cumprimento da meta do governo.
Especialistas estimam que o
IPCA feche o ano acima do centro da meta: entre 5,3% e 5,7%.
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