São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

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Consumo em alta e chuvas pressionam a inflação

IPCA de 0,57% é o maior para meses de abril desde 2005

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Com emprego e renda em expansão e o crédito estimulando o consumo, a inflação encontra terreno fértil para avançar, ainda mais num cenário de oferta mais restrita de alguns alimentos por conta das chuvas.
Combinados, esses fatos levaram o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) a fechar o primeiro quadrimestre de 2010 com alta de 2,65%, maior marca para o período desde 2005 (2,68%).
Em abril, o índice teve alta de 0,57%, também a maior para tal mês desde 2005 (0,52% em março). No acumulado em 12 meses até abril, a taxa de 5,26% supera o centro da meta do ano (4,5%, com intervalo de dois pontos para cima ou para baixo). Em quatro meses, já foram "consumidos" 59% da meta.
Analistas ouvidos pela Folha dizem que o repique na inflação causado pela menor oferta de alimentos devido às chuvas não seria tão intenso se a economia não estivesse aquecida.
No primeiro quadrimestre, o grupo alimentação subiu 5,19% -a maior alta para o período desde 2003. Nesses quatro meses, a inflação dos produtos alimentícios já supera os 3,18% de todo o ano de 2009.
Em abril, os alimentos avançaram 1,45%, pouco abaixo da taxa de março (1,55%), mas em nível historicamente alto.
Para a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, o grupo passa por uma fase de "alta generalizada". Afetados pelas chuvas, produtos como tomate, feijão e batata subiram com força tanto no quadrimestre como em abril. Também aumentaram com força carnes e leite -produto que tem alta sazonal no primeiro semestre.
Jean Barbosa, da Tendências Consultoria, diz que o ritmo da atividade econômica "surpreende até os mais otimistas" e proporciona reajustes mais intensos. "Com a economia aquecida, fica mais fácil repassar pressões de custo, como as provocadas pelas chuvas."
Um exemplo, diz, é a alta de 1,28% em abril dos artigos de vestuário, reajustados com o lançamento da nova coleção.
Em abril, remédios (alta de 2,22%) e os veículos (1,04%) também puxaram a inflação -o último sob impacto do fim do IPI reduzido.
Tal cenário de vigoroso crescimento econômico, diz Barbosa, tende a se dissipar um pouco com o fim do estímulo das desonerações de tributos.
Já Fábio Silveira, da RC Consultores, acredita que "a crise na Europa vai trazer um salutar esfriamento" do nível de atividade e consequentemente uma menor pressão inflacionária. Para ele, a disparada dos alimentos foi "transitória" e não coloca em risco o cumprimento da meta do governo.
Especialistas estimam que o IPCA feche o ano acima do centro da meta: entre 5,3% e 5,7%.


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