São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2004

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AGRONEGÓCIO

Ministro concorda com a revisão feita pela CNA; quebra da safra e queda dos preços da soja são os motivos

PIB agrícola crescerá menos, diz Rodrigues

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que a produção agroindustrial brasileira "seguramente" só deverá crescer 3% neste ano, e não os 6% anteriormente esperados.
A declaração do ministro, feita no Rio de Janeiro, significa que ele concorda com a revisão da estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) agrícola feita na semana passada pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A entidade baixou sua previsão de 6,50% para 3,15%.
A agropecuária, com as exportações, tem sustentado o crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, ou evitado que a queda, como a ocorrida em 2003, seja maior.
No ano passado, de acordo com dados computados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB (Produto Interno Bruto) agrícola do país cresceu 5%, enquanto o PIB, como um todo, caiu 0,20%.
De acordo com a mais recente estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, o PIB agropecuário crescerá 5,4% neste ano, contra 3,5% do PIB geral.
Segundo Rodrigues, o crescimento menor terá como causas principais a quebra da safra de grãos e a queda do preço internacional da soja, hoje a principal mercadoria agrícola brasileira.
No final do ano passado, a estimativa do governo e dos órgãos especializados era que a safra de grãos do país ultrapassaria neste ano os 130 milhões de toneladas, contra 122 milhões produzidos na safra de 2003.
Problemas como a seca na região Sul e a infestação de parte das lavouras pela praga da ferrugem reduziram as expectativas. A última estimativa do IBGE para a safra de grãos é de 120 milhões de toneladas.

Perdas com a China
Em relação ao preço internacional da soja, o ministro disse que a sua redução provocará sozinha uma perda de US$ 1 bilhão no faturamento do agronegócio.
Nesse cálculo estão incluídas também as perdas provocadas pela discussão com a China sobre os níveis toleráveis de impurezas na soja que o Brasil exporta para aquele país.
No mês passado, a China recusou um navio carregado de soja brasileira sob a alegação de que o produto incluía grãos contaminados por agroquímicos.
Além desse, outros três navios foram impedidos de descarregar soja em portos chineses pelo mesmo motivo. E mais: sete exportadoras foram proibidas de vender à China.
Segundo o ministro, os dois países estão buscando uma norma de aceitação internacional que fixe os limites de impurezas.
A idéia, de acordo com Rodrigues, é que esse limite seja fixado em três grãos com agroquímicos por quilo. A solução poderá ser definida já na próxima semana, com um decreto do governo brasileiro que fixe a norma.


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