DANIELA FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem em Paris que o clima de nervosismo nos mercados financeiros internacionais não representa um abalo sísmico importante.
"Na escala Richter, deve representar algo como 1,5 ou 2 graus. É apenas um leve tremor", disse, em referência à escala que mede a amplitude de tremores de terra e cujo valor máximo registrado até hoje é de 9,5 graus.
Mantega fez uma escala em Paris antes da reunião de ministros da Fazenda do G-8 (grupo de países mais industrializados do mundo e a Rússia) amanhã e depois em São Petersburgo, da qual o Brasil participa como convidado.
Para o ministro, o presidente do Fed "talvez por inexperiência" deu sinais contraditórios aos mercados ao afirmar que o banco precisa ser cauteloso para assegurar o controle da inflação, apesar da desaceleração da economia norte-americana.
O ministro afirmou também que essa "turbulência leve que está mexendo com os mercados" só causaria mudanças na política de juros se a meta de inflação no Brasil fosse afetada.
Para isso teria de ocorrer, por exemplo, uma alta dos preços das commodities na economia internacional, que faria a inflação subir. "Mas se houver uma desaceleração no crescimento mundial, o que não acredito e se ocorrer ela será pequena, os preços das commodities vão cair. Nesse caso, teríamos até um efeito positivo sobre a taxa de inflação brasileira".

Clube de Paris
Ele afirmou ainda que discutirá a eventual entrada do Brasil no Clube de Paris, que reúne os países credores internacionais, em um encontro bilateral em São Petersburgo com o ministro francês da Economia, Thierry Breton. Segundo Mantega, a França apóia a entrada do Brasil no Clube de Paris.
Mas o governo brasileiro ainda está avaliando os prós e contras de se tornar membro permanente desse grupo. O Brasil quitou sua dívida de US$ 1,7 bilhão com o Clube em fevereiro deste ano. Sobrou apenas um valor residual, de cerca de US$ 17 milhões, que conforme Mantega devem ser pagos até o final deste mês.


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