São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Governo quer incentivo a comida "tipo exportação"

Agricultura faz proposta para elevar consumo de alimentos com certificado quer elevar qualidade de alimentos

Até o fim do mês, projeto de política pública para o tema e campanha de esclarecimento deve ser enviado ao presidente Lula


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Agricultura deve enviar à Presidência da República, até o fim do mês, uma proposta de política pública de alimentos seguros e uma solicitação para que o tema seja incluído no próximo Plano Plurianual (PPA), para que sejam reservados recursos orçamentários. A idéia é incentivar o consumo no país de frutas, carnes e legumes certificados e, portanto, com qualidade igual à exigida em itens de exportação.
Devido às exigências técnicas e sanitárias feitas por países desenvolvidos, os produtos de exportação geralmente são melhores do que os vendidos no mercado doméstico. Com o incremento no consumo de itens certificados, o ministério espera reduzir o risco de doenças causadas por contaminação alimentar. Também tem como objetivo elevar o número de produtores que aderem aos padrões de qualidade internacional a fim de exportar mais.
Além da proposta de política de alimentos seguros, o ministério encaminhará um pedido para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que seja feita uma campanha nacional de esclarecimento à população. A pasta ainda não calculou o montante de recursos necessário para as ações planejadas.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Marcio Portocarrero, o fato de o Brasil não ter políticas de alimentos seguros para o mercado doméstico, embora não tenha para exportação, coloca em risco a credibilidade do país no mercado internacional, principalmente na União Européia, onde os padrões técnicos e sanitários são rígidos.
"Os consumidores brasileiros têm direito a ter acesso a produtos com a mesma qualidade dos exportados", disse.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que 1,8 milhão de pessoas morreu em 2005 no mundo por causa de infecções contraídas por alimentos e outras 641 milhões foram hospitalizadas. O governo não sabe o número de ocorrências no Brasil. Mas, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2003, 30% das 1.618 amostras de alimentos congelados recolhidas para testes tiveram resultados insatisfatório. Os exames em especiarias apontaram algum tipo de contaminação em 68% das amostras.
"O Brasil é o primeiro exportador mundial de carne em quantidade, mas não em preço, porque muitos países ainda colocam barreiras contra a carne e outros produtos brasileiros por causa da falta desses padrões", disse Portocarrero.


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