São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Ação da PF prende nova geração de doleiros

Detidos anteontem buscam ocupar mercado de grandes doleiros presos ou sob investigação, segundo procuradores

Os 12 presos anteontem em São Paulo eram operadores de pequeno porte, e Coaf detectou movimento de recursos suspeitos


MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A ação da Polícia Federal que resultou na prisão de 12 pessoas acusadas de vender dólares sem autorização em São Paulo conseguiu capturar uma novidade nesse mercado: os detidos anteontem fazem parte da nova geração de doleiros.
Nenhum dos presos pela Operação Violeta, na avaliação da PF e do Ministério Público Federal, tem grande porte no mercado paralelo de dólares. Os valores apreendidos são modestos pelo número de envolvidos: pouco mais de US$ 600 mil, R$ 350 mil e 14 mil.
Só para comparar: Ricardo Ferreira de Souza e Silva, sobrinho de Edemar Cid Ferreira, foi preso no mesmo dia, em conseqüência dessa investigação, com US$ 400 mil.
A hipótese dos policiais e dos procuradores é que os detidos tentavam substituir uma geração de doleiros que foi aposentada compulsoriamente: ou está na prisão ou faz parte de programas de delação premiada -colabora com a Justiça em troca de penas menores.
Os dois doleiros mais célebres que estão na cadeia são Hélio Laniado, preso em Praga, e Antonio de Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, condenado a 20 anos de prisão.
Laniado ficou famoso pela coleção de namoradas, que incluiu a modelo Daniela Cicarelli e a atriz Carolina Ferraz. Toninho da Barcelona acusou o PT de operar com doleiros e depois recuou.
Outros doleiros que movimentavam grandes quantias, como Dario Messer, do Rio, negociam redução de pena em troca de informações.
Dos 12 acusados de serem doleiros presos anteontem, cinco atuavam em Alphaville, um condomínio de classe média alta na Grande São Paulo.
A operação da PF recebeu o nome de violeta em referência ao endereço de uma das casas de câmbio investigadas, a Alphatur, que tem como endereço a praça das Violetas em Barueri, na Grande São Paulo.
Eles usavam uma rede de laranjas para movimentar os valores sem despertar a desconfiança do Banco Central. A PF já identificou seis dessas contas: três em nome de pessoas físicas e três em nome de empresas (curiosamente, são todas do setor agropecuário).
O estratagema dos laranjas deu errado. A investigação sobre as casas de câmbio foi iniciada pela procuradora Anamara Osório Silva de Sordi a partir de um comunicado do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O órgão do Ministério da Justiça comunicou ao Ministério Público Federal que uma pessoa de São Paulo movimentava valores incompatíveis com a sua renda. Uma investigação da PF revelou que essa pessoa tinha relações com agências de turismo que trocavam dólares sem autorização do Banco Central.
Os 12 presos são os seguintes: Fábio Rimbano, Mafalda Rimbano, Gustavo Rimbano, Arnaldo Gaichi, Antonio Sérgio Clemêncio da Silva, Cléber Farias Pereira, Sérgio Prado Frigo, Gilberto Syuffi, Vera Lucia Natal de Oliveira, Maurice Alfred Boulos Junior, Rubia [sobrenome não informado] e Cleiton Leandro Gentil.


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