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Brasileiro vê crise amena, indica Datafolha
População se diz mais informada sobre a crise econômica global e não espera elevação de desemprego ou inflação
Faixa de renda de até dois salários mínimos é a mais preocupada; levantamento sugere que crise não deve mudar hábitos de consumo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pesquisa Datafolha revela
que os brasileiros se consideram hoje mais bem informados
sobre a crise econômica do que
há dois meses.
E metade dos entrevistados
diz acreditar que a retração
mundial terá efeito modesto
sobre a economia brasileira e
sobre o país em geral.
A percepção de que o Brasil
será só um pouco prejudicado
pela turbulência econômica internacional é comum a todas as
regiões do país, mas não a todas
as faixas de renda.
Pessoas com renda inferior a
dois salários mínimos são mais
pessimistas: 36% dizem que o
Brasil será muito prejudicado
pelo cenário recessivo.
A confiança avança paralelamente à faixa de renda. Entre
os que ganham mais de dez salários mínimos, o índice recua
para 29%.
Fernando Sampaio, sócio-diretor da consultoria LCA, diz
que os trabalhadores de menor
renda tinham começado a ter
acesso ao crédito e a assistir à
queda na taxa de desemprego
do país antes da crise.
Com os cortes dos últimos
meses, que eliminaram primeiro vagas de menor qualificação,
ficaram mais sensíveis a mudanças na economia.
"As famílias de baixa renda
estão com o nariz na linha d'água. Qualquer maré assusta",
afirma Sampaio.
Mauro Paulino, diretor-geral
do Datafolha, argumenta, entretanto, que as pessoas veem a
retração da economia de forma
mais amena, sem esperar avanço do desemprego ou da inflação nos próximos meses.
"O brasileiro não está mais
tão preocupado com a crise", na
avaliação de Paulino.
As mulheres brasileiras são
mais pessimistas que os homens. Segundo o Datafolha,
40% das mulheres creem que o
Brasil será muito prejudicado,
contra 29% dos homens.
Para o coordenador da pesquisa, o cotidiano das pessoas
não foi tão afetado como o das
empresas, o que explicaria a
percepção menos pessimista
sobre a crise internacional.
Consumo
Pesquisas anteriores do Datafolha mostraram que os consumidores não mudaram significativamente hábitos de compra, principalmente em relação
a bens que não dependem de
crédito, por medo do desemprego ou da queda no ritmo de
crescimento econômico.
Paulino ressalta ainda que a
confiança dos entrevistados no
governo também contribuiu
para que os brasileiros acreditassem que o Brasil superará a
crise internacional.
De acordo com Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer,
consultoria especializada em
varejo, os brasileiros continuam consumindo, mas estão
mais conservadores. No início
do ano, segundo ele, as vendas
feitas por meio do crediário diminuíram, e as compras à vista
cresceram.
"O comportamento no início
do ano refletiu a preocupação
dos trabalhadores com o desemprego, e houve queda nas
vendas de bens duráveis. Recentemente, o cenário se desanuviou, e o consumo tem se
mostrado normal", afirma Foganholo.
Sampaio observa, porém, que
a percepção de que o Brasil será
pouco afetado pela crise é equivocada. "Saímos de um crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] de 6% ao ano para
uma retração no quarto trimestre de 2008 e, provavelmente,
no primeiro trimestre deste
ano", afirma Sampaio.
Sinais de alívio
O diretor da LCA ressalva
que a população e os empresários começam a dar sinais de
alívio ao perceberem que as
previsões mais pessimistas para a economia não se confirmaram, e que o Brasil deve sair da
crise antes que outros países.
Ele destaca que a desaceleração da inflação -como a queda
dos preços dos alimentos- preveniu a corrosão do poder de
compra da população, o que reforça a percepção positiva.
O Datafolha entrevistou
5.129 pessoas com 16 anos ou
mais em 203 municípios. O levantamento foi feito entre os
dias 26 e 28 de maio. A margem
de erro máxima da pesquisa é
de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
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