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Comprar a casa própria à vista ainda é melhor
Apesar das quedas recentes, juro do crédito segue alto, dizem especialistas
Investindo o dinheiro da prestação no mercado financeiro, dá para comprar o imóvel à vista em prazo inferior ao do financiamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Da mesma forma que tem
animado os investidores a aplicar em imóveis, a recente queda dos juros no país reaviva o
sonho de comprar a casa própria. Os interessados acham
que, como os empréstimos ficarão mais baratos e as aplicações
no mercado financeiro tendem
a dar menores retornos, usar o
crédito com o objetivo de adquirir o primeiro imóvel é uma
atitude inteligente pensando
no longo prazo.
No entanto, de acordo com os
especialistas do setor, juntar
dinheiro para comprar o imóvel à vista continua sendo mais
vantajoso.
Os juros praticados pelos
bancos no financiamento habitacional -entre 8,2% e 11,5% ao
ano, mais TR (Taxa Referencial), no caso da Caixa Econômica Federal- ainda são elevados e não acompanham de perto a Selic, a taxa básica de juros
brasileira.
Além disso, existe um limite
virtual para a redução dos juros
dos empréstimos imobiliários.
Por lei, 65% dos recursos depositados nas cadernetas de poupança devem ser direcionados
ao SFH (Sistema Financeiro de
Habitação). Os juros cobrados
dos mutuários remuneram os
poupadores, os quais têm garantidos rendimento mínimo
anual de 6% ao ano mais TR.
O retorno das aplicações financeiras -mesmo desconsiderando a Bolsa de Valores, que
traz mais risco- segue compensador na comparação com o
custo do crédito.
"As famílias devem fazer
uma conta simples. Se desejam
comprar um imóvel que vale
R$ 150 mil, a prestação que pagariam seria de aproximadamente R$ 1.500 por mês. Alugando um apartamento por R$
700 e guardando os R$ 800 da
diferença, em nove anos consegue-se adquirir à vista o imóvel
que levaria 30 anos para quitar", afirma o educador financeiro Reinaldo Domingos. "O
montante pago em um empréstimo é suficiente para comprar
até três casas, no final."
Na opinião dele, o brasileiro
precisa mudar a mentalidade e
entender que não deve pagar
juros e, sim, poupar para comprar à vista.
"Guardar é um hábito. Caso
seja muito difícil separar o dinheiro do orçamento, existem
algumas opções para tornar a
poupança para o imóvel próprio obrigatória, como colocar
os recursos em um fundo de
previdência privada -o qual
exige contribuições periódicas
de valores determinados- ou
participar de um consórcio",
sugere Domingos. "Só é preciso
ficar atento às taxas de administração e de carregamento
cobradas."
Se entrar em um financiamento é inevitável, o melhor é
dar a maior entrada possível e
evitar os prazos extensos demais. "As pessoas esquecem
que vão querer trocar de imóvel
no futuro", alerta Haroldo Vale
Mota, professor da Fundação
Dom Cabral.
É preciso considerar também os imprevistos que podem
surgir pelo caminho, como a
perda de emprego, e não comprometer uma parcela grande
demais da renda com as mensalidades.
(DENYSE GODOY)
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