São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Comprar a casa própria à vista ainda é melhor

Apesar das quedas recentes, juro do crédito segue alto, dizem especialistas

Investindo o dinheiro da prestação no mercado financeiro, dá para comprar o imóvel à vista em prazo inferior ao do financiamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Da mesma forma que tem animado os investidores a aplicar em imóveis, a recente queda dos juros no país reaviva o sonho de comprar a casa própria. Os interessados acham que, como os empréstimos ficarão mais baratos e as aplicações no mercado financeiro tendem a dar menores retornos, usar o crédito com o objetivo de adquirir o primeiro imóvel é uma atitude inteligente pensando no longo prazo.
No entanto, de acordo com os especialistas do setor, juntar dinheiro para comprar o imóvel à vista continua sendo mais vantajoso.
Os juros praticados pelos bancos no financiamento habitacional -entre 8,2% e 11,5% ao ano, mais TR (Taxa Referencial), no caso da Caixa Econômica Federal- ainda são elevados e não acompanham de perto a Selic, a taxa básica de juros brasileira.
Além disso, existe um limite virtual para a redução dos juros dos empréstimos imobiliários. Por lei, 65% dos recursos depositados nas cadernetas de poupança devem ser direcionados ao SFH (Sistema Financeiro de Habitação). Os juros cobrados dos mutuários remuneram os poupadores, os quais têm garantidos rendimento mínimo anual de 6% ao ano mais TR.
O retorno das aplicações financeiras -mesmo desconsiderando a Bolsa de Valores, que traz mais risco- segue compensador na comparação com o custo do crédito.
"As famílias devem fazer uma conta simples. Se desejam comprar um imóvel que vale R$ 150 mil, a prestação que pagariam seria de aproximadamente R$ 1.500 por mês. Alugando um apartamento por R$ 700 e guardando os R$ 800 da diferença, em nove anos consegue-se adquirir à vista o imóvel que levaria 30 anos para quitar", afirma o educador financeiro Reinaldo Domingos. "O montante pago em um empréstimo é suficiente para comprar até três casas, no final."
Na opinião dele, o brasileiro precisa mudar a mentalidade e entender que não deve pagar juros e, sim, poupar para comprar à vista.
"Guardar é um hábito. Caso seja muito difícil separar o dinheiro do orçamento, existem algumas opções para tornar a poupança para o imóvel próprio obrigatória, como colocar os recursos em um fundo de previdência privada -o qual exige contribuições periódicas de valores determinados- ou participar de um consórcio", sugere Domingos. "Só é preciso ficar atento às taxas de administração e de carregamento cobradas."
Se entrar em um financiamento é inevitável, o melhor é dar a maior entrada possível e evitar os prazos extensos demais. "As pessoas esquecem que vão querer trocar de imóvel no futuro", alerta Haroldo Vale Mota, professor da Fundação Dom Cabral.
É preciso considerar também os imprevistos que podem surgir pelo caminho, como a perda de emprego, e não comprometer uma parcela grande demais da renda com as mensalidades. (DENYSE GODOY)


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