DO ENVIADO ESPECIAL A HOKKAIDO

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, propôs ontem jogar as comissões antitruste tanto da União Européia como dos Estados Unidos e até a do Canadá em cima dos produtores de petróleo, como resposta à escalada de preços.
"A Comissão Européia tratou, no passado, até de secadores de cabelo e agora tem os instrumentos idôneos para agir", disse o premiê, à margem da cúpula entre o G8 e um grupo de países africanos.
Berlusconi é um dos líderes do grupo de países mais ricos do mundo que acreditam que a principal causa da disparada de preços do petróleo é o cartel dos países produtores. Entre a cúpula do G8 de 2007 e a deste ano, o preço dobrou.
Por isso mesmo, tornou-se tema obrigatório para os governantes, atropelando a mudança climática, originalmente escolhida pelo Japão, o anfitrião da reunião de cúpula, para ocupar o centro da cena.
Já Angela Merkel, a chanceler alemã (primeira-ministra), parece preferir outra versão para a disparada de preços, a velha lei da oferta e da procura. Merkel sugeriu ontem que o G8 convide grandes países emergentes, tais como China e Índia, para discutir a alta de preços. "Precisamos buscar diferentes meios de enfrentar os altos preços do petróleo", disse.
A sugestão de Merkel pode ser posta em prática imediatamente: amanhã, das 10h às 12h (22h à meia-noite de hoje no Brasil), haverá uma reunião dos MEs (a nova sigla criada no mundo para designar "Maiores Economias"). O grupo inclui precisamente China e Índia, países que aumentaram exponencialmente o consumo de tudo, inclusive petróleo, o que teria causado a disparada dos preços.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estará presente, o que dará margem ao surgimento de uma terceira explicação para os preços do combustível: a especulação. Lula tem dito que são especuladores que têm levado tanto o petróleo como os alimentos a picos de preços. (CR)


Texto Anterior: UE pressiona Brasil a provar sustentabilidade do álcool
Próximo Texto: Benjamin Steinbruch: Uma grande dama
Índice