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Alta do juro e da inflação eleva dívida do governo
Gasto com juros foi de R$ 12,4 bi em maio; títulos indexados a preços também pesaram
Dívida pública federal teve avanço de 1,43% e atingiu estoque de R$ 1,34 trilhão; valorização do real ajudou
a reduzir o débito externo
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento dos juros foi o
principal responsável pelo
crescimento de 1,43% da dívida
pública federal em maio. O estoque total da dívida somou R$
1,337 trilhão. A maior parte é de
títulos emitidos no mercado financeiro interno. Em maio, o
gasto com juros foi de R$ 12,4
bilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, com atraso por causa da
greve dos servidores.
O relatório mensal da dívida
de maio deveria ter saído em 25
de junho. Os coordenadores
responsáveis pela divulgação
do relatório não quiseram conceder entrevista para explicar o
aumento do endividamento. A
justificativa da assessoria de
imprensa foi a de que, "devido à
proximidade da divulgação do
relatório referente a junho",
não haveria apresentação do
relatório. A divulgação do próximo está prevista para dia 24.
A valorização do real em relação ao dólar ajudou na queda da
dívida externa, que recuou 2%
em maio. O estoque da dívida
externa no mês ficou em R$
97,5 bilhões. A dívida total não
caiu por causa do aumento dos
juros e do volume de emissão
de títulos no mercado financeiro no Brasil, que superou em
R$ 8,5 bilhões os títulos que
venceram no mês. Com isso, a
dívida interna teve aumento de
1,71%. O estoque até maio é de
R$ 1,239 trilhão.
Gilberto Braga, professor de
finanças do Ibmec-Rio, afirma
que o custo da dívida deve crescer até o fim do ano, puxado pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic. A cada elevação que
o Banco Central promove nos
juros para conter a inflação,
cresce o custo da dívida federal
indexada à Selic. A parcela de
títulos públicos indexados aos
juros básicos é de 38,35%.
O relatório do Tesouro divulgado ontem alerta de que o aumento da taxa de juros não é o
único responsável pela alta do
custo médio da dívida. Os títulos indexados à inflação foram
apontados como o principal vilão do aumento do custo médio
dos títulos públicos federais, de
11,75% ao ano em abril para
12,03% ao ano em maio. Os títulos atrelados ao IPCA renderam 0,79% em maio para os investidores, e os indexados ao
IGP-M renderam 1,61% no
mesmo mês. Em abril, a rentabilidade foi de 0,55% e de
0,69%, respectivamente.
O especialista do Ibmec lembra, ainda, que o prazo médio
dos títulos emitidos em maio
caiu ligeiramente, reflexo da
instabilidade do mercado financeiro. O prazo médio da dívida caiu de 39 meses para 38
meses. "Os investidores estão
exigindo títulos de mais curto
prazo. Mas, apesar dessa instabilidade, o Brasil está em uma
situação muito mais tranqüila
se comparado com outras economias mundiais", disse.
O economista-chefe da Sul
América Investimentos, Newton Rosa, avalia que o aumento
da dívida federal puxada pela
Selic e pela inflação não é preocupante do ponto de vista fiscal. Ele acredita que o superávit
primário do governo, de 4,3%
do PIB (Produto Interno Bruto) será suficiente para fazer
cair a dívida em proporção do
PIB até o fim do ano.
"A desvalorização do dólar
também vai contribuir, reduzindo ainda mais a dívida externa do Brasil", afirmou Rosa.
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