São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Alta do juro e da inflação eleva dívida do governo

Gasto com juros foi de R$ 12,4 bi em maio; títulos indexados a preços também pesaram

Dívida pública federal teve avanço de 1,43% e atingiu estoque de R$ 1,34 trilhão; valorização do real ajudou a reduzir o débito externo

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento dos juros foi o principal responsável pelo crescimento de 1,43% da dívida pública federal em maio. O estoque total da dívida somou R$ 1,337 trilhão. A maior parte é de títulos emitidos no mercado financeiro interno. Em maio, o gasto com juros foi de R$ 12,4 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, com atraso por causa da greve dos servidores.
O relatório mensal da dívida de maio deveria ter saído em 25 de junho. Os coordenadores responsáveis pela divulgação do relatório não quiseram conceder entrevista para explicar o aumento do endividamento. A justificativa da assessoria de imprensa foi a de que, "devido à proximidade da divulgação do relatório referente a junho", não haveria apresentação do relatório. A divulgação do próximo está prevista para dia 24.
A valorização do real em relação ao dólar ajudou na queda da dívida externa, que recuou 2% em maio. O estoque da dívida externa no mês ficou em R$ 97,5 bilhões. A dívida total não caiu por causa do aumento dos juros e do volume de emissão de títulos no mercado financeiro no Brasil, que superou em R$ 8,5 bilhões os títulos que venceram no mês. Com isso, a dívida interna teve aumento de 1,71%. O estoque até maio é de R$ 1,239 trilhão.
Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec-Rio, afirma que o custo da dívida deve crescer até o fim do ano, puxado pelo aumento da taxa básica de juros, a Selic. A cada elevação que o Banco Central promove nos juros para conter a inflação, cresce o custo da dívida federal indexada à Selic. A parcela de títulos públicos indexados aos juros básicos é de 38,35%.
O relatório do Tesouro divulgado ontem alerta de que o aumento da taxa de juros não é o único responsável pela alta do custo médio da dívida. Os títulos indexados à inflação foram apontados como o principal vilão do aumento do custo médio dos títulos públicos federais, de 11,75% ao ano em abril para 12,03% ao ano em maio. Os títulos atrelados ao IPCA renderam 0,79% em maio para os investidores, e os indexados ao IGP-M renderam 1,61% no mesmo mês. Em abril, a rentabilidade foi de 0,55% e de 0,69%, respectivamente.
O especialista do Ibmec lembra, ainda, que o prazo médio dos títulos emitidos em maio caiu ligeiramente, reflexo da instabilidade do mercado financeiro. O prazo médio da dívida caiu de 39 meses para 38 meses. "Os investidores estão exigindo títulos de mais curto prazo. Mas, apesar dessa instabilidade, o Brasil está em uma situação muito mais tranqüila se comparado com outras economias mundiais", disse.
O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, avalia que o aumento da dívida federal puxada pela Selic e pela inflação não é preocupante do ponto de vista fiscal. Ele acredita que o superávit primário do governo, de 4,3% do PIB (Produto Interno Bruto) será suficiente para fazer cair a dívida em proporção do PIB até o fim do ano.
"A desvalorização do dólar também vai contribuir, reduzindo ainda mais a dívida externa do Brasil", afirmou Rosa.


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