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Indicado para o Cade critica corporações
Sob ataque, procurador Arthur Badin afirma que algumas empresas abusam
Sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado é desmarcada e agora deve ser realizada apenas no próximo mês
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob bombardeio de grandes
empresas que tentam barrar no
Senado sua indicação para a
presidência do Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica), o atual procurador-geral da autarquia, Arthur Badin, partiu para o ataque e disse
que algumas corporações "abusam" do direito de ação no Judiciário e adotam "procedimentos ardilosos" para tumultuar e adiar o cumprimento das
decisões do conselho.
Hoje, a CAE (Comissão de
Assuntos Econômicos) do Senado sabatinará três indicados
para ocupar vagas no conselho:
os advogados Vinícius Marques
de Carvalho, ligado ao PT; Olavo Chinaglia -filho do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP)-; e Carlos Emmanuel Ragazzo.
A sabatina de Badin, que
também estava prevista para
hoje, não tem data para ocorrer. Considerado inexperiente
pela oposição, Badin tem sido
alvo de crítica do Democratas,
que já anunciou voto contrário
à sua nomeação.
O governo, no entanto, mantém a indicação e defende o nome de Badin.
"Na minha opinião, ele deve
ser aprovado. Não é correto que
um presidente do Cade seja escolhido por pressão de lobby",
disse o ministro da Justiça,
Tarso Genro.
"Leão sem dentes"
Em entrevista à Folha, Badin, 32, disse ainda que sua
missão como procurador-geral
do Cade é fazer com que a autarquia deixe de ser um "leão
sem dentes", o que passou a incomodar algumas empresas,
que tiveram interesses contrariados.
"Acredito que meu nome esteja associado a uma maior eficácia nas decisões do Cade",
afirmou Badin.
"Há um limite entre o direito
de ação e o abuso do direito de
ação, que é entrar no Judiciário
com filigranas, estratégias e
procedimentos ardilosos para
conseguir com isso tumultuar e
adiar o cumprimento da decisão do Cade."
A sabatina de Badin pode
ocorrer apenas em agosto, por
uma questão regimental. O senador Demóstenes Torres
(DEM-GO) foi nomeado relator da indicação, mas deve se
recusar oficialmente a cumprir
essa função, já que seu partido
votará contra.
Não há prazo para que Torres faça essa comunicação oficial, o que pode ocorrer apenas
na próxima semana, quando
não haveria mais tempo de fazer a sabatina antes do recesso
parlamentar, que começa na
semana que vem.
Experiência
O procurador-geral destaca
que tem ampla experiência administrativa, tendo atuado no
Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência em várias funções. Advogado formado pela
USP, Badin passou a ocupar
cargos no governo a partir de
2003.
Foi chefe-de-gabinete da Secretaria de Direito Econômico
na gestão do ex-secretário Daniel Goldberg, seu colega no
curso de direito. Também presidiu o Fundo de Defesa de Direitos Difusos. Na época, o Ministério da Justiça era comandado pelo ministro Márcio
Thomaz Bastos.
O irmão de Badin, o consultor jurídico Luiz Armando Badin, presta serviços para o escritório de Thomaz Bastos em
São Paulo e chegou a ocupar
função no ministério durante a
passagem do ex-ministro. Badin nega as especulações de que
o presidente Lula tenha aceitado sua indicação para a presidência do Cade a pedido de
Thomaz Bastos.
(JULIANNA SOFIA, IURI DANTAS e LUCAS FERRAZ)
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