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MEGA PACOTE
FMI libera US$ 30 bi de socorro recorde
Maior empréstimo do Fundo havia sido de US$ 18 bi; acordo dura 15 meses
US$ 24 bi ficam para novo governo; Fundo não pede mais arrocho fiscal
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI anunciou ontem que vai
liberar o maior pacote de socorro
financeiro da história das relações
do Brasil com a instituição: são
US$ 30 bilhões. Cerca de US$ 6 bilhões serão liberados imediatamente depois que a diretoria do
Fundo Monetário Internacional
aprovar formalmente o empréstimo, o que deve ocorrer em setembro. Os demais US$ 24 bilhões,
80% do pacote, serão desembolsados em 2003, quando já governará um novo presidente.
Por ora, a única exigência conhecida do Fundo Monetário Internacional é a manutenção de
um superávit fiscal de pelo menos
3,75% do PIB até 2005 (isto é, todos os governos e estatais do Brasil deverão economizar, juntos, o
equivalente a 3,75% dos bens e
dos serviços que o país produz em
um ano, meta que já vinha sendo
cumprida neste ano). Tal objetivo
será rediscutido trimestralmente.
O novo programa, que terá duração de 15 meses, também prevê
a redução de US$ 15 bilhões para
US$ 5 bilhões do piso líquido das
reservas internacionais, o que aumenta o poder de fogo do Banco
Central para intervir no mercado
(para baixar o preço do dólar, por
exemplo) em US$ 10 bilhões.
Um terço do dinheiro, cerca de
US$ 10 bilhões, serão utilizados
para pagar dívidas do país com o
FMI que vencem no ano que vem
-tanto esses débitos como os
novos créditos são da linha suplementar de reservas do FMI, de juros mais altos e de prazo mais curto de crédito. Os outros US$ 20 bilhões vêm por intermédio da linha tipo "stand-by", mais barata.
Recorde
O maior socorro do FMI ao Brasil havia sido de US$ 18 bilhões,
em 1998, parte de um pacote de
US$ 41,5 bilhões, complementado
por recursos do Banco Mundial
(Bird), do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) e do
Banco de Compensações Internacionais (o BIS, "banco central"
dos bancos centrais do planeta).
Em nota divulgada ontem, o diretor-gerente do Fundo, Horst
Köhler, declarou estar "confiante
que esse acordo serve ao interesse
do país" e que "será apoiado pelos
principais candidatos presidenciais no Brasil". Segundo Köhler,
consultas aos presidenciáveis "estão em andamento".
A nota de Köhler é repleta de referências às turbulências no mercado financeiro.
"Ao reduzir as vulnerabilidades
e as incertezas, o novo programa
do FMI garante uma ponte para o
novo governo que começa em
2003 e apóia a continuação da estratégia política que irá assegurar
a estabilidade macroeconômica e
aproximar o crescimento econômico do Brasil de um nível mais
próximo de seu potencial no médio prazo, preservando inflação
baixa e sustentabilidade externa, e
apoio aos esforços para aumentar
os índices de emprego e melhorar
as condições sociais para os brasileiros", diz o documento.
Segundo o diretor-gerente, o
Fundo "está pronto para apoiar
qualquer governo comprometido
com políticas econômicas sólidas". Köhler disse também que "o
ativo debate democrático no Brasil é muito bem-vindo."
O BID e o Bird não fazem parte
desse pacote, mas as diretorias
dessas instituições também informam que estudam formas de emprestar mais dinheiro ao Brasil.
As negociações entre a missão
brasileira e o FMI começaram na
quarta-feira da semana passada e
terminaram na madrugada de
ontem. Segundo fonte do FMI, as
conversas tiveram que ser interrompidas várias vezes para que o
governo brasileiro pudesse consultar representantes dos principais candidatos à Presidência.
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