São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002 |
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REPERCUSSÃO Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e consultor - "A redução
do piso das reservas surpreendeu. Ontem o mercado de câmbio antecipou o acordo e a taxa de câmbio começou a cair. A tendência, agora, é ocorrer uma
queda adicional. Mas não vamos esperar milagres, pois ainda há muitas incertezas na economia. Com o acordo termina a sangria desatada e o dólar pode
voltar para R$ 2,80. Já a taxa básica de juros, a Selic, não deverá
cair agora." Carlos Langoni, diretor do Centro de Estudos Internacionais da
FGV e ex-presidente do Banco Central - "Acordo interessante,
principalmente pelo volume envolvido, que traz um "colchão de
liquidez" para este ano e para o próximo. O programa de 15 meses é importante para que o novo governo consiga implementar as reformas importantes e
que só terão seus efeitos sentidos num prazo mais longo. É
um programa que tem tudo para ser apoiado por todos os candidatos à Presidência, porque vai diminuir a volatilidade do mercado e ninguém quer assumir e ter que administrar uma crise cambial. Se o programa for apoiado expressivamente pelos
candidatos, o dólar pode cair bastante." Carlos Tadeu de Freitas, professor do Ibmec, ex-diretor da Petrobras e do BC - "A quantidade de recursos não é grande, mas traz a perspectiva para o próximo governo de poder contar com o FMI. Quem ganhar as eleições entrará com um "cobertor" maior do que antes, o que deve acalmar o mercado. O dólar deve continuar na faixa de R$ 3, porque vai continuar saindo mais dólar do que entrando. Mas o acordo deve evitar novos saltos no câmbio." José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Princeton (EUA) - "Um ponto importante desse acordo do Brasil com o FMI é que ele não
teria sido fechado sem o aval da administração americana. Esse acordo e mais o empréstimo-ponte dos EUA ao Uruguai demonstram que finalmente o governo americano definiu uma política em relação ao problema de crises de liquidez dos países emergentes: os EUA vão ajudar os países em crise de liquidez.
Até então, o mundo tinha vivido um ano e meio sem ter clara
a política do FMI em relação aos países nessa situação." Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp - "O sistema financeiro internacional não suportaria o colapso do Brasil. É isso o que explica o generoso acordo liberado pelo FMI. A função do FMI é zelar pela incolumidade do sistema financeiro mundial. Se acontecesse com o Brasil o mesmo que houve na Argentina, certamente a economia global poderia sofrer estragos. Salvar o Brasil pode ser, no atual contexto da economia mundial, o equivalente a salvar a si mesmo." Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e
publisher do site Primeira Leitura - "A exigência do superávit
primário de 3,75% foi uma vitória do governo, pois o FMI queria mais. Essa é a última chance de o Brasil resolver seus problemas de dependência externa de
recursos. A grande dúvida é saber se quem for eleito presidente da República dará continuidade ao acordo, que exigirá fortes cortes de gastos públicos, algo que vai contra as promessas que têm sido feitas nas campanhas eleitorais. Evidentemente a cotação do dólar vai cair agora, mas o Banco Central não deverá deixar despencar demais, para não permitir especulação de compradores interessados em comprar a moeda muito barata, para revendê-la depois." Otaviano Canuto, economista da Unicamp e da USP - "O acordo
anunciado não foi muito diferente daquilo que esperávamos. É bom que não haja muitas exigências, porque isso criaria dificuldades políticas. O acordo
cria condições para acabar com o pânico, mas só ganhamos alguns meses. Não é o fim dos nossos problemas. A normalização ainda depende do restabelecimento das linhas de crédito no mercado internacional." Emílio Garófalo, consultor, ex-diretor da área externa do BC -
"O acordo é bem melhor do que o mercado esperava. A lógica,
portanto, é que o dólar caia e sejam retomadas as linhas de financiamento internacional para o país, já que agora há recursos para enfrentar qualquer crise neste ano e no próximo." Rodrigo Azevedo, economista-chefe do CSFB - "O pacote é
maior do que o esperado mas devemos esperar maiores detalhes, como por exemplo quanto desse dinheiro é de recursos novos. De qualquer forma, a redução do piso das reservas internacionais aumenta significativamente a margem do BC para
intervir no mercado de câmbio. O ponto principal é a manutenção em 3,75% do superávit primário até 2005 porque, se os candidatos concordarem com
isso, é o primeiro compromisso formal deles com metas que são muito importantes para o mercado." |
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