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SOB SUSPEITA
Ministério Público aponta suposta irregularidade praticada por atual dirigente da Funcef na obtenção de aposentadoria
Ex-diretor da Previdência é acusado de fraude
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diretor de Investimentos da
SPC (Secretaria de Previdência
Complementar), entre fevereiro
do ano passado e maio deste ano,
o atual secretário-geral de um dos
maiores fundos de pensão do
país, a Funcef (fundo de pensão
da Caixa Econômica Federal),
Hilmar de Moraes, é acusado de
fraudar a Previdência Social.
Denúncia do Ministério Público
Federal encaminhada à Justiça
afirma que o ex-diretor de Investimentos da SPC teria praticado
crime de estelionato para obter
sua aposentadoria pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
em 1998 e tenta recuperar os quase R$ 30 mil pagos a ele.
A SPC é a instância do governo
federal que regula e fiscaliza os
fundos de pensão -donos de um
patrimônio superior a R$ 220 bilhões. Moraes foi escolhido para o
cargo pelo secretário da pasta,
Adacir Reis -homem eleito pelo
ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) para zelar
pelos fundos de pensão.
A Justiça Federal em São Paulo
aceitou a denúncia do Ministério
Público Federal contra Moraes,
em setembro de 2002, e instaurou
processo penal sobre o caso. A
ação tramita na 4ª Vara Federal
Criminal da 1ª Subseção Judiciária de São Paulo.
Documentos aos quais a Folha
teve acesso mostram que Moraes
teria contado com a ajuda de uma
servidora da agência da Previdência da Vila Mariana (SP) para obter a aposentadoria. De acordo
com o Ministério Público, a funcionária teria inserido dados fictícios no banco de dados do INSS
para assegurar o benefício.
A servidora pública, segundo a
acusação, participava de um esquema de fraudes que beneficiava
empregados do Banespa entre
outras pessoas. Moraes era assessor da presidência do Banesprev,
e a aposentadoria pelo INSS lhe
garantia o direito a um benefício
previdenciário pago pelo banco.
"Foi realizada uma verificação
pela auditoria do INSS em benefícios concedidos pela Agência da
Previdência Social - Vila Mariana,
sendo identificados inúmeros casos semelhantes ao tratado nos
presentes autos, envolvendo empregados do Banespa que buscavam o auxílio da funcionária denunciada para a obtenção de seus
benefícios de forma fraudulenta",
afirma a denúncia.
Auditoria
Auditorias realizadas pelo INSS
que embasaram a denúncia do
Ministério Público relatam que
Moraes teria dado entrada no pedido da aposentadoria fornecendo como comprovantes do tempo
de contribuição duas carteiras de
trabalho e uma declaração.
A declaração tentava justificar o
período trabalhado como balconista na papelaria de sua mãe, a
Novidades Jadimo Comércio e
Representações, em Bragança
Paulista (SP). Pela legislação, no
entanto, o documento não poderia caracterizar o vínculo de trabalho.
As auditorias concluíram que
não havia ligação trabalhista de
Moraes com a empresa. Portanto,
os quatro anos alegados na declaração não poderiam ser computados para o cálculo.
Convocado pelo INSS, Moraes
chegou a apresentar fotografias,
notas fiscais e depoimentos escritos para tentar comprovar a ligação com a empresa.
Na avaliação do INSS, as justificativas de Moraes não foram suficientes, e o benefício foi considerado irregular.
A conclusão da auditoria levou
à suspensão da aposentadoria em
de 2001. A Previdência afirma que
o benefício foi pago entre dezembro de 1998 e março de 2001, "causando aos cofres públicos o prejuízo de R$ 29.369,96". O valor é
cobrado de Moraes. O ex-diretor
da SPC recorreu da decisão.
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