São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2008

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Obras do PAC e Oi turbinam desembolsos

Volume liberado pelo BNDES atinge R$ 38,6 bi no 1º semestre, 56,2% a mais do que no mesmo período do ano passado

Maiores desembolsos vão para reestruturação da tele para compra ainda não aprovada da Brasil Telecom e para MMX de Eike Batista


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionado por obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e por operações de grande porte, como o apoio à reestruturação societária da controladora da Oi, o BNDES teve desembolso recorde no primeiro semestre. O banco emprestou R$ 38,6 bilhões, alta de 56,2% em relação ao primeiro semestre de 2007.
A maior operação no período foi a de reestruturação da Telemar Participações, controladora da Oi, por meio de uma complexa operação de compra de ações envolvendo recursos da carteira da BNDESPar, o braço de participações do banco. O valor total da operação, de R$ 2,569 bilhões, já foi desembolsado pelo banco, apesar de a razão da reestruturação -a compra da Brasil Telecom pela Oi- ainda depender de mudança na legislação do setor.
Dados do BNDES mostram que os empréstimos para telecomunicações cresceram 3.583,3% no primeiro semestre e somaram R$ 3,6 bilhões.
"O banco tem R$ 13 bilhões emprestados a todas as empresas de telecomunicações. As grandes e as pequenas são clientes relevantes. O investimento previsto nesse setor ao longo dos próximos quatro anos soma R$ 56 bilhões, e vamos participar com um pedaço importante disso em financiamentos", afirmou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
O segundo maior empréstimo foi para a MMX, de Eike Batista, com R$ 2,323 bilhões para implantação de infra-estrutura para exploração de minério de ferro em Minas Gerais e para a construção do porto do Açu, no Estado do Rio.
Foi também no primeiro semestre que o banco aprovou uma linha de crédito de R$ 7,2 bilhões para a Vale. Nesse caso, no entanto, os recursos podem ser desembolsados de acordo com o plano de investimentos da mineradora de 2008 a 2012.
As obras do PAC tiveram papel essencial no aumento dos empréstimos. A carteira de operações aprovados ou contratadas soma R$ 34,7 bilhões. O setor de energia representa R$ 23 bilhões deste total. No total, o BNDES tem em carteira, entre consultas, enquadramentos e aprovações 170 projetos do PAC. O banco não detalhou o montante desembolsado ao PAC no primeiro semestre, quando foram aprovadas operações de saneamento em Minas, no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo e de financiamento para a construção da usina hidrelétrica de Simplício.
Em 2005 e 2006, a indústria liderava o crescimento nos desembolsos. Em 2007 e no primeiro semestre deste ano, a infra-estrutura conseguiu ficar bastante próximo em termos de liberações, e o banco estima que ao final do ano pode ultrapassar a indústria em volume.
De janeiro a junho, o banco emprestou R$ 16,1 bilhões para a indústria, uma alta de 42,6%. No período, os financiamentos para infra-estrutura somaram R$ 15,2 bilhões, alta de 83,1%. A agropecuária teve alta de 15,8%, com R$ 2,8 bilhões.
Para o BNDES, o ritmo de desembolso aponta que o investimento continuará com forte expansão em 2008 e 2009, apesar do quadro de desaceleração da economia mundial.
Já as aprovações de novos pedidos de financiamento somaram R$ 51,2 bilhões no semestre e R$ 111,8 bilhões no acumulado em 12 meses.
Coutinho prevê aumentar o volume de desembolsos com grandes projetos em 2009 como a usina de Belo Monte, concessões rodoviárias, o trem de alta velocidade Rio-SP e um corredor bioceânico unindo Santos e Antofagasta, no Chile.


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