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Após 15 meses, desemprego nos EUA cai
Recuo foi pequeno, de 9,5% em junho para 9,4% em julho, mas animou Bolsas e levou Obama a dizer que pior pode ter passado
Menos cortes nas empresas e o fato de 422 mil pessoas terem deixado de procurar trabalho no país em julho ajudam a explicar a queda
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A taxa de desemprego em julho cedeu pela primeira vez em
15 meses nos EUA. Caiu de
9,5% em junho para 9,4%. A notícia animou o mercado e encorajou o presidente Barack Obama a declarar que "o pior da crise pode ter ficado para trás".
A queda tem dois motivos:
cortes menores nas empresas,
de 247 mil trabalhadores (o
menor número desde agosto de
2008); e o fato de 422 mil pessoas terem deixado de procurar
trabalho no mês passado (em
junho, apenas 155 mil haviam
feito o mesmo).
Na média, os norte-americanos têm ficado desempregados
por 25 semanas (o mais longo
período desde o início dessas
estatísticas, em 1948). É isso
que leva cada vez mais pessoas
a desistir de procurar trabalho,
distorcendo o percentual total
de desempregados.
A Casa Branca ainda tem a
expectativa de que o desemprego atinja 10% antes de começar
a ceder. Isso ocorrerá quando
os desempregados voltarem ao
mercado atrás de um trabalho,
inchando de novo a chamada
PEA (População Economicamente Ativa).
"Estamos perdendo empregos em um ritmo menor do que
quando assumi a Presidência",
declarou Obama. "E colocamos
o sistema financeiro de volta
aos trilhos."
Pela primeira desde 20 de janeiro, na posse diante de estimadas 2 milhões de pessoas no
National Mall, a aprovação de
Obama cedeu para 50%. Em
abril, na metade de seus 200
dias de Presidência, ela era de
58%. A queda maior é recente.
Os dados do instituto de pesquisas da Quinnipiac University mostram ainda 49% de desaprovação e 45% de aprovação
ao modo como o presidente lida com a economia.
A administração Obama
também vem sendo criticada
pela condução, considerada
lenta, do programa de gastos de
US$ 787 bilhões lançado em fevereiro. A Casa Branca reconhece que só US$ 100 bilhões
do total foram comprometidos.
No lançamento, Obama afirmou que o pacote de gastos daria conta da criação de 600 mil
empregos até meados de setembro. A média das demissões
mensais até junho foi de 500
mil. O governo sustenta que seria pior sem o plano.
Na volta do recesso parlamentar em setembro, o Congresso deve adicionar gastos à
área e aprovar a ampliação do
prazo de pagamento do seguro-desemprego. Cerca de 1,5 milhão de trabalhadores correm o
risco de ficar sem o benefício
até dezembro. Em média, são
US$ 300 por semana no bolso
dos demitidos.
O dado do desemprego de julho teve como ponto forte o fato
de o setor de serviços perder
menos empregos do que em 10
dos 11 meses anteriores.
Já as indústrias fizeram as
menores dispensas (52 mil)
desde setembro de 2008. No
setor automotivo, houve aumento na renda dos operários e
a criação de 28,2 mil vagas.
Apesar da relativa melhora
no mercado de trabalho, um informe do Fed (o BC dos EUA)
mostrou que o volume de crédito tomado pelas famílias voltou
a cair em junho. Foi a nona queda em 11 meses.
Em termos absolutos, o sistema bancário emprestou US$
10,3 bilhões a menos aos consumidores, cujos gastos contribuem com cerca de 70% do PIB
do país. A diminuição no volume de crédito na economia dos
EUA foi de 4,9% em 12 meses,
para US$ 2,5 trilhões.
O mercado reagiu com otimismo à combinação das duas
notícias. O índice S&P 500 da
Bolsa de Valores de Nova York
fechou em alta de 1,34%. O Dow
Jones subiu 1,23%, e a Bolsa
eletrônica Nasdaq, 1,37%.
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