São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Após 15 meses, desemprego nos EUA cai

Recuo foi pequeno, de 9,5% em junho para 9,4% em julho, mas animou Bolsas e levou Obama a dizer que pior pode ter passado

Menos cortes nas empresas e o fato de 422 mil pessoas terem deixado de procurar trabalho no país em julho ajudam a explicar a queda


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A taxa de desemprego em julho cedeu pela primeira vez em 15 meses nos EUA. Caiu de 9,5% em junho para 9,4%. A notícia animou o mercado e encorajou o presidente Barack Obama a declarar que "o pior da crise pode ter ficado para trás".
A queda tem dois motivos: cortes menores nas empresas, de 247 mil trabalhadores (o menor número desde agosto de 2008); e o fato de 422 mil pessoas terem deixado de procurar trabalho no mês passado (em junho, apenas 155 mil haviam feito o mesmo).
Na média, os norte-americanos têm ficado desempregados por 25 semanas (o mais longo período desde o início dessas estatísticas, em 1948). É isso que leva cada vez mais pessoas a desistir de procurar trabalho, distorcendo o percentual total de desempregados.
A Casa Branca ainda tem a expectativa de que o desemprego atinja 10% antes de começar a ceder. Isso ocorrerá quando os desempregados voltarem ao mercado atrás de um trabalho, inchando de novo a chamada PEA (População Economicamente Ativa).
"Estamos perdendo empregos em um ritmo menor do que quando assumi a Presidência", declarou Obama. "E colocamos o sistema financeiro de volta aos trilhos."
Pela primeira desde 20 de janeiro, na posse diante de estimadas 2 milhões de pessoas no National Mall, a aprovação de Obama cedeu para 50%. Em abril, na metade de seus 200 dias de Presidência, ela era de 58%. A queda maior é recente.
Os dados do instituto de pesquisas da Quinnipiac University mostram ainda 49% de desaprovação e 45% de aprovação ao modo como o presidente lida com a economia.
A administração Obama também vem sendo criticada pela condução, considerada lenta, do programa de gastos de US$ 787 bilhões lançado em fevereiro. A Casa Branca reconhece que só US$ 100 bilhões do total foram comprometidos.
No lançamento, Obama afirmou que o pacote de gastos daria conta da criação de 600 mil empregos até meados de setembro. A média das demissões mensais até junho foi de 500 mil. O governo sustenta que seria pior sem o plano.
Na volta do recesso parlamentar em setembro, o Congresso deve adicionar gastos à área e aprovar a ampliação do prazo de pagamento do seguro-desemprego. Cerca de 1,5 milhão de trabalhadores correm o risco de ficar sem o benefício até dezembro. Em média, são US$ 300 por semana no bolso dos demitidos.
O dado do desemprego de julho teve como ponto forte o fato de o setor de serviços perder menos empregos do que em 10 dos 11 meses anteriores.
Já as indústrias fizeram as menores dispensas (52 mil) desde setembro de 2008. No setor automotivo, houve aumento na renda dos operários e a criação de 28,2 mil vagas.
Apesar da relativa melhora no mercado de trabalho, um informe do Fed (o BC dos EUA) mostrou que o volume de crédito tomado pelas famílias voltou a cair em junho. Foi a nona queda em 11 meses.
Em termos absolutos, o sistema bancário emprestou US$ 10,3 bilhões a menos aos consumidores, cujos gastos contribuem com cerca de 70% do PIB do país. A diminuição no volume de crédito na economia dos EUA foi de 4,9% em 12 meses, para US$ 2,5 trilhões.
O mercado reagiu com otimismo à combinação das duas notícias. O índice S&P 500 da Bolsa de Valores de Nova York fechou em alta de 1,34%. O Dow Jones subiu 1,23%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq, 1,37%.


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