São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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DEFESA DO REAL
Presidente volta a negar pacote, mas afirma que fará o que for necessário, dependendo das circunstâncias
FHC ataca 'o jogo dos especuladores'

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso atacou ontem os especuladores e negou que o governo lançará um pacote. "Ninguém está fazendo pacote nenhum."
FHC afirmou, no entanto, que se for necessário o governo tomará medidas fiscais, mas sem surpreender a população. "O que for necessário será feito, mas sem esse espírito de pacote e sem sustos. Depende das circunstâncias. A cada momento as coisas variam, e espero que variem para melhor."
O presidente acusou os especuladores de estimularem as informações de um eventual pacote e disse que não faz o jogo deles. "Não faço o jogo dos especuladores e faço um apelo à imprensa para que também não o faça", afirmou, após anunciar vários atos relacionados aos direitos humanos, no Palácio da Alvorada.
Dizendo estar confiante em que a crise econômica mundial não irá se agravar, FHC desconversou sobre eventuais medidas fiscais que podem ser tomadas pelo governo. Segundo ele, o compromisso do governo é com a estabilidade e, para isso, é necessário haver um ajuste fiscal permanente.
O presidente afirmou que o clima de instabilidade causado pelas informações de que o governo pretende lançar um pacote fiscal deixa a população aflita, beneficiando apenas os especuladores.

"Sem susto"
Segundo ele, é preciso acabar com a "idéia de assustar" o país Ämandando indiretamente um recado à oposição, que nos últimos dias tem tentado passar a imagem de que o governo está escondendo a gravidade da crise.
"Não sei se a crise vai se agravar, mas tomara que não se agrave. Nós precisamos acabar com essa idéia de que é preciso assustar o país. Não é preciso assustar. É preciso trabalhar, é preciso ter firmeza e competência", afirmou.
Para o presidente, o termo pacote é "desagradável", pois dá a impressão de que vai ser editado um conjunto de medidas de surpresa. "Não vamos fazer isso. Estamos fazendo o que é necessário, com tranquilidade, mas com firmeza."
Uma medida considerada necessária foi o aumento dos juros, determinado pelo Banco Central na sexta-feira e que entra em vigor a partir de amanhã.

Ação coordenada
Para FHC, a situação requer que os líderes mundiais, incluindo os líderes dos países em desenvolvimento, tenham uma "atividade de coordenação também crescente e de exigência paulatina de uma resposta solidária". "Precisamos desenvolver o conceito de globalização solidária e não apenas uma globalização excludente."




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