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DEFESA DO REAL
Presidente volta a negar pacote, mas afirma que fará o que for necessário, dependendo das circunstâncias
FHC ataca 'o jogo dos especuladores'
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso atacou ontem os especuladores e negou que o governo lançará um pacote. "Ninguém
está fazendo pacote nenhum."
FHC afirmou, no entanto, que se
for necessário o governo tomará
medidas fiscais, mas sem surpreender a população. "O que for
necessário será feito, mas sem esse
espírito de pacote e sem sustos.
Depende das circunstâncias. A cada momento as coisas variam, e
espero que variem para melhor."
O presidente acusou os especuladores de estimularem as informações de um eventual pacote e
disse que não faz o jogo deles.
"Não faço o jogo dos especuladores e faço um apelo à imprensa para que também não o faça", afirmou, após anunciar vários atos relacionados aos direitos humanos,
no Palácio da Alvorada.
Dizendo estar confiante em que
a crise econômica mundial não irá
se agravar, FHC desconversou sobre eventuais medidas fiscais que
podem ser tomadas pelo governo.
Segundo ele, o compromisso do
governo é com a estabilidade e,
para isso, é necessário haver um
ajuste fiscal permanente.
O presidente afirmou que o clima de instabilidade causado pelas
informações de que o governo
pretende lançar um pacote fiscal
deixa a população aflita, beneficiando apenas os especuladores.
"Sem susto"
Segundo ele, é preciso acabar
com a "idéia de assustar" o país
Ämandando indiretamente um
recado à oposição, que nos últimos dias tem tentado passar a
imagem de que o governo está escondendo a gravidade da crise.
"Não sei se a crise vai se agravar,
mas tomara que não se agrave.
Nós precisamos acabar com essa
idéia de que é preciso assustar o
país. Não é preciso assustar. É preciso trabalhar, é preciso ter firmeza e competência", afirmou.
Para o presidente, o termo pacote é "desagradável", pois dá a impressão de que vai ser editado um
conjunto de medidas de surpresa.
"Não vamos fazer isso. Estamos
fazendo o que é necessário, com
tranquilidade, mas com firmeza."
Uma medida considerada necessária foi o aumento dos juros, determinado pelo Banco Central na
sexta-feira e que entra em vigor a
partir de amanhã.
Ação coordenada
Para FHC, a situação requer que
os líderes mundiais, incluindo os
líderes dos países em desenvolvimento, tenham uma "atividade
de coordenação também crescente
e de exigência paulatina de uma
resposta solidária". "Precisamos
desenvolver o conceito de globalização solidária e não apenas uma
globalização excludente."
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