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EM TRANSE
Bancos querem ver Serra subindo ou, se isso não ocorrer, que Lula defina equipe econômica antes do 2º turno
Depois da eleição, Wall Street tem pressa
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Terminado o primeiro turno
das eleições presidenciais brasileiras e com mais três semanas de
indefinição pela frente, Wall
Street demonstra estar com pressa. Pelo menos é o que sinalizaram relatórios das principais corretoras de valores, bancos de investimentos e agências classificadoras de risco divulgados ontem.
Em comum, os textos condicionam sua fé na economia brasileira
a dois pontos excludentes e urgentes: 1) que o candidato governista, o ex-ministro José Serra
(PSDB), suba nas pesquisas doravante; 2) caso isso não ocorra, que
o oposicionista, Luiz Inácio Lula
da Silva, anuncie o quanto antes
sua equipe econômica, mesmo
que faça isso antes do dia 27.
A primeira a se manifestar foi a
agência Standard & Poors, que
classifica o Brasil como B+, ligeiramente pior que o Senegal. Para
mudar seu gabarito, a entidade
espera dos concorrentes o que
chamou de "sinais positivos". "Isso inclui a formação de um time
econômico fortemente técnico",
diz a analista de crédito Lisa M.
Schineller, de Nova York.
Mas não só. Os outros dois sinais seriam, sempre segundo a
S&P, o rápido desenvolvimento
de um programa econômico efetivo, que serviria para diminuir as
pressões financeiras de curto prazo, e a negociação de alianças políticas fortes, que dariam sustentação ao futuro governo.
"Vamos ficar na ponta de nossas cadeiras pelas próximas três
semanas", disse Douglas Smith,
economista-chefe para a as Américas da filial nova-iorquina do
banco Standard Chartered. "As
pesquisas de opinião têm de mostrar ganhos significativos para
Serra já nos primeiros dias."
Para o analista, o governista tem
de atacar Lula agressivamente nas
questões econômicas mais polêmicas se quiser vencer. "De agora
em diante, as pessoas vão se concentrar só nos dois, então Serra
pode provocar mais o petista nos
assuntos dos quais até então ele
vinha evitando tratar."
Na mesma linha vão dois dos
principais bancos estrangeiros
com presença no Brasil. "O alívio
do mercado não vai durar se Lula
se mantiver como o favorito para
o segundo turno", afirmou em
declaração oficial o HSBC, que
aproveitou para elogiar a confiabilidade das pesquisas feitas por
institutos brasileiros ao longo do
primeiro turno.
Opinião semelhante tiveram
analistas do Deutsche Bank, para
os quais uma alta dos títulos da
dívida brasileira depende do crescimento de candidato governista
nas pesquisas de intenção de voto.
"Para que os papéis cheguem a
60% de seu valor nominal, seria
preciso a certeza de que Lula e
Serra têm as mesmas chances de
serem eleitos", diz o texto.
Mais direto foi Thierry Wizman, do Bear Stearns. Em entrevista dada ontem ao canal pago de
notícias CNBC, o estrategista de
mercados emergentes disse que
acredita que Lula deve vencer o
segundo turno e que ainda é cedo
para saber para que direção a economia brasileira vai.
"Eu aconselho cautela aos investidores", disse Wizman, acrescentando que Serra é o candidato
mais próximo do mercado por ser
visto como mais disposto a fazer
as reformas julgadas necessárias
por Wall Street.
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