São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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AGROFOLHA

AGRICULTURA

Custo de proteção alto e falta de costume impedem maior utilização do produto por agricultores brasileiros

Uso do seguro rural é incipiente no Brasil

JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

O seguro rural ainda é incipiente no Brasil. Problemas de custo e de padronização desse produto impedem que um volume expressivo da produção agrícola brasileira seja protegido. Outro fator limitante é que não existe a cultura de proteção financeira da produção por parte dos agricultores.
Utilizado para dois fins específicos -garantir o resultado da produção e proteger a lavoura de fenômenos naturais-, essa modalidade de seguro não é utilizada pela maioria dos produtores.
Segundo a Aliança Brasil, seguradora do Banco do Brasil, os volumes de prêmios e de patrimônio rural segurado são muito pequenos. Enquanto o seguro de automóveis atinge 25% da frota nacional, o rural não chega a 1% do total plantado no Brasil.
Entre janeiro e dezembro de 2001, o volume financeiro segurado no campo foi de R$ 34,2 milhões. Neste ano, até julho, esse volume chega apenas a R$ 18,3 milhões. Em comparação, o valor total dos seguros de automóveis no país chegou a R$ 3,7 bilhões entre janeiro e julho deste ano.
Segundo Carlos Eduardo Rodrigues, assessor de produtos da Aliança Brasil, cada seguro rural tem especificidades exclusivas, que mudam de uma região para outra. É difícil, portanto, estabelecer um seguro padrão para todo o Brasil. Esse, segundo ele, é um dos impedimentos para a maior difusão desse tipo de seguro no país.
Por isso, empresas já elaboram contratos específicos para cada região, com variações de taxas, levando em conta os riscos e os preços de uma cultura no local.
Outro problema, segundo os produtores, é o alto custo do seguro. Para Carlos Roberto Pupin, triticultor em Maringá (PR), é inviável até para médios produtores aguentar os custos de contratar proteção para a lavoura.
"O seguro corresponde a cerca de 14% do valor total obtido com a produção. Se já fica difícil para o grande aguentar, imagine para o pequeno e para o médio", diz.
Pupin sentiu na pele não ter contratado seguro para a safra 2001/ 2002. Por causa das geadas de setembro no Paraná, perdeu mais de 20% de sua produção de trigo. Isso só não o afetou mais porque o preço subiu muito e foi possível minimizar o prejuízo com o restante do trigo colhido. Em 2003 ele vai aumentar a área plantada e, por isso, irá contratar um seguro. "É caro, mas preciso dividir o risco com alguém."


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