UOL


São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

Texto Anterior | Índice

Professor vê limite em mobilidade

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que faz supor a trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mobilidade social no Brasil tem limites e não costuma provocar revoluções na vida dos cidadãos, afirma Marcelo Neri, professor da Fundação Getúlio Vargas. "Poucos mudam muito, e muitos mudam pouco."
Segundo Neri, a maioria das pessoas costuma ascender um ou dois degraus na escala social. Lula também é uma exceção quando se consideram as razões da mudança. "Os que mudam muito costumam ter mobilidade educacional", observa o professor.
O grau de escolaridade é o principal fator de transformação na situação social, destaca. Os últimos dados disponíveis, de 1996, mostram que entre os 10% mais pobres da população, 38% tinham educação superior à do pai. Na faixa dos 10% mais ricos esse valor era de 55%. Isso significa que o grau de mobilidade social era maior no topo da pirâmide, onde a maioria dos filhos estava em melhor situação que a do pai.
Com base na escolaridade, Neri diz que é possível constatar aceleração no grau de mobilidade social no Brasil. Na faixa de pessoas com 15 a 20 anos, 79% tinham educação superior à de seus pais em 1996. O percentual vai diminuindo na medida em que aumenta a idade. Na população de 40 a 45 anos ele é de 41%, na com mais de 70 anos, de 30%. Os dados fazem supor que os mais jovens terão maior possibilidade de ascensão na pirâmide social.
"O investimento em educação é o principal fator no entendimento das diferenças de renda no Brasil", afirma Neri. Segundo ele, esse é o elemento que explica não só a desigualdade mas o grau de mobilidade social.


Texto Anterior: NE prefere trabalhador sem estudo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.