São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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Ações do Santander caem 3,7% em estreia na Bolsa

Apesar do recuo dos papéis, operação se confirmou como a maior do ano no mundo

Investidor pessoa física teve rateio e ficou com R$ 3.000 e mais 8,14% do pedido; ações responderam por quase 23% do total negociado na Bolsa

Divulgação Nyse/Efe
Executivos do Santander na abertura da Bolsa de Nova York, onde o banco também lançou oferta de papéis simultânea à do Brasil

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na maior oferta de ações do ano no mundo, os papéis do Santander recuaram 3,74% ontem em sua estreia na BM&F Bovespa, decepcionando o investidor pessoa física que pretendia embolsar um ganho rápido com a venda logo depois da abertura dos negócios.
O mercado, no entanto, considerou a operação um sucesso, por levantar R$ 14,1 bilhões poucos meses depois de um período de crise. A baixa ontem foi atribuída ao fato de que a oferta do Santander atendeu à maior parte da demanda dos investidores, além do dia negativo na maioria das Bolsas.
Para João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho, a queda no preço logo na estreia não significa que a operação tenha sido ruim, mas que o apetite para ofertas como essa não é o mesmo de 2007, auge das aberturas de capital de empresas brasileiras.
"Quem queria comprar [os papéis] comprou. A oferta coube na demanda. Foi uma operação muito grande para falar em excesso de demanda. Embora em recuperação, o mercado não está nem perto do que foi em 2007. Seria estranho se o mercado tivesse subindo 2% e 3%, e a ação, caindo. Fracasso seria se não tivesse saído ou se o preço ficasse abaixo do estipulado. O problema é o "flipper" [investidor que sai no primeiro dia], que queria ganhar bastante e se decepcionou", disse.
"Infelizmente o pequeno investidor [que queria lucrar ontem] novamente paga a conta. As Bolsas externas podem ajudar na recuperação do papel, mas não creio em excelentes resultados nos próximos dias. Os grandes ganhadores, por enquanto, são o banco e os intermediadores", disse Julio Mora, operador da Tov Corretora.
Os negócios com os papéis do banco movimentaram R$ 1,933 bilhão, mais do que os líderes Vale e Petrobras, e responderam por quase 23% do volume financeiro ontem da Bolsa.

Rateio
Os coordenadores da operação confirmaram ontem rateio dos papéis ofertados para pessoa física. Cada investidor levou o mínimo de R$ 3.000 e mais 8,14% do restante que pediu. Já os funcionários e os clientes dos bancos Santander e Real, que tinham preferência para comprar os papéis, tiveram atendidos integralmente seus pedidos de reserva.
No primeiro dia de negócios, o valor de mercado do Santander ficou em R$ 88,7 bilhões -acima dos R$ 76,2 bilhões do Banco do Brasil, mas atrás dos R$ 96,5 bilhões do Bradesco e dos R$ 141,9 bilhões do Itaú.
Segundo analistas, a entrada do Santander na Bolsa derrubou as ações dos demais bancos, por conta do rebalanceamento da exposição de risco dos investidores institucionais ao setor bancário. As ações PN do Itaú Unibanco recuaram 3,18%, e as do Bradesco, 3,99%. As ações do BB caíram 2,46%.
Na cerimônia de estreia, o presidente do Santander, Fabio Barbosa, disse que a oferta do banco aconteceu no "momento perfeito" do mercado. "O país foi um dos que menos sofreram e um dos primeiros a sair da crise. O Brasil sai fortalecido, e nossa economia, aprovada."


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