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Telefônica oferece R$ 6,5 bi pela GVT
Proposta de espanhóis por controle da operadora brasileira supera a da francesa Vivendi, de R$ 5,4 bi, anunciada em setembro
Empresa pode ser vendida
independentemente da
vontade dos controladores,
pois capital é pulverizado;
Anatel analisará negócio
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Telefônica anunciou ontem que está disposta a pagar
até R$ 6,5 bilhões aos acionistas da GVT para comprar a operadora brasileira de telefonia fixa e banda larga. A oferta compromete as negociações em
curso entre os controladores da
GVT e a francesa Vivendi, que
fecharia negócio por R$ 5,4 bilhões ( 2 bilhões).
A chegada dos espanhóis da
Telefônica ocorre de forma
agressiva e independe da vontade dos controladores da
GVT. Não houve conversas
preliminares. A operadora brasileira disse ter recebido a notícia por meio do comunicado da
Telefônica à CVM (Comissão
de Valores Mobiliários).
Analistas afirmam que é a
primeira vez que uma empresa
faz esse tipo de oferta no Brasil.
Nos outros países, onde as
ações das companhias estão
pulverizadas no mercado, essa
prática é comum. Em vez de
negociarem com os controladores, os compradores simplesmente vão ao mercado
anunciando sua intenção de ficar com as ações. No Brasil, esse procedimento chama-se
OPA (Oferta Pública de Ações).
É o que a Telefônica está fazendo com a GVT, que tem
65% de seu capital nas mãos de
acionistas independentes. Só
35% pertencem aos controladores, a holandesa Global Village Telecom e as americanas
Swarth Investments e T Rowe
Price Inc. É por isso que a compra pode ocorrer sem a aprovação dos controladores da GVT.
O único impedimento é uma
cláusula do estatuto da companhia brasileira o qual determina que a companhia só pode ser
vendida caso o interessado pague R$ 52 por ação.
Para vencer essa barreira, os
acionistas precisam se reunir e
retirá-la do estatuto, aceitando
receber menos pelos papéis. A
Telefônica oferece R$ 48, e a
Vivendi, R$ 42 por ação. Ontem, as ações fecharam em R$
46,52 e estavam em R$ 36 antes da primeira proposta.
Caso modifiquem o estatuto
e 51% dos acionistas vendam
seus papéis na OPA da Telefônica, os espanhóis passam a ser
donos da GVT. A próxima reunião de acionistas ainda não
tem data definida e, na GVT,
todos votam. A data-limite para a tomada de decisão é 18 de
novembro. Esse também é o
prazo da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações),
que avaliará a proposta da Telefônica sob o ponto de vista regulatório. Isso porque em 19 de
novembro está marcado o leilão para a compra das ações da
GVT pela Telefônica. Espera-se que a Vivendi aumente a
oferta antes disso.
A Folha apurou que a Telefônica já havia tentado comprar a GVT no passado, mas a
cláusula estatutária impediu as
negociações. Com a proposta
da Vivendi, os espanhóis tiveram de ser mais hostis para impedir a entrada dos franceses
no Brasil, algo que poderia colocar em risco sua estratégia de
expansão fora de São Paulo.
Modelo de negócios
A preferência dos controladores da GVT pela Vivendi se
deve à preservação do modelo
de negócios e dos executivos no
comando da companhia brasileira. Mas o vice-presidente-executivo da Telefônica, Mariano De Beers, disse à Folha que a proposta da empresa
também é a de manter as duas
companhias separadas administrativamente, mantendo
seus executivos.
"O que atrai na GVT é seu excelente corpo técnico e o seu
modelo de negócio", diz De
Beers. "É uma empresa sólida,
lucrativa, com uma rede de última geração que nos complementaria na expansão fora de
São Paulo, especialmente no
mercado corporativo."
Para Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a
Telefônica sempre foi candidata à compra da GVT.
"Investimentos em uma rede
nova fora de São Paulo exigiriam muito da Telefônica. O
natural seria comprar a GVT, já
que a Brasil Telecom foi adquirida pela Oi."
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