São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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Telefônica oferece R$ 6,5 bi pela GVT

Proposta de espanhóis por controle da operadora brasileira supera a da francesa Vivendi, de R$ 5,4 bi, anunciada em setembro

Empresa pode ser vendida independentemente da vontade dos controladores, pois capital é pulverizado; Anatel analisará negócio

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A Telefônica anunciou ontem que está disposta a pagar até R$ 6,5 bilhões aos acionistas da GVT para comprar a operadora brasileira de telefonia fixa e banda larga. A oferta compromete as negociações em curso entre os controladores da GVT e a francesa Vivendi, que fecharia negócio por R$ 5,4 bilhões ( 2 bilhões).
A chegada dos espanhóis da Telefônica ocorre de forma agressiva e independe da vontade dos controladores da GVT. Não houve conversas preliminares. A operadora brasileira disse ter recebido a notícia por meio do comunicado da Telefônica à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Analistas afirmam que é a primeira vez que uma empresa faz esse tipo de oferta no Brasil. Nos outros países, onde as ações das companhias estão pulverizadas no mercado, essa prática é comum. Em vez de negociarem com os controladores, os compradores simplesmente vão ao mercado anunciando sua intenção de ficar com as ações. No Brasil, esse procedimento chama-se OPA (Oferta Pública de Ações).
É o que a Telefônica está fazendo com a GVT, que tem 65% de seu capital nas mãos de acionistas independentes. Só 35% pertencem aos controladores, a holandesa Global Village Telecom e as americanas Swarth Investments e T Rowe Price Inc. É por isso que a compra pode ocorrer sem a aprovação dos controladores da GVT.
O único impedimento é uma cláusula do estatuto da companhia brasileira o qual determina que a companhia só pode ser vendida caso o interessado pague R$ 52 por ação.
Para vencer essa barreira, os acionistas precisam se reunir e retirá-la do estatuto, aceitando receber menos pelos papéis. A Telefônica oferece R$ 48, e a Vivendi, R$ 42 por ação. Ontem, as ações fecharam em R$ 46,52 e estavam em R$ 36 antes da primeira proposta.
Caso modifiquem o estatuto e 51% dos acionistas vendam seus papéis na OPA da Telefônica, os espanhóis passam a ser donos da GVT. A próxima reunião de acionistas ainda não tem data definida e, na GVT, todos votam. A data-limite para a tomada de decisão é 18 de novembro. Esse também é o prazo da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que avaliará a proposta da Telefônica sob o ponto de vista regulatório. Isso porque em 19 de novembro está marcado o leilão para a compra das ações da GVT pela Telefônica. Espera-se que a Vivendi aumente a oferta antes disso.
A Folha apurou que a Telefônica já havia tentado comprar a GVT no passado, mas a cláusula estatutária impediu as negociações. Com a proposta da Vivendi, os espanhóis tiveram de ser mais hostis para impedir a entrada dos franceses no Brasil, algo que poderia colocar em risco sua estratégia de expansão fora de São Paulo.

Modelo de negócios
A preferência dos controladores da GVT pela Vivendi se deve à preservação do modelo de negócios e dos executivos no comando da companhia brasileira. Mas o vice-presidente-executivo da Telefônica, Mariano De Beers, disse à Folha que a proposta da empresa também é a de manter as duas companhias separadas administrativamente, mantendo seus executivos.
"O que atrai na GVT é seu excelente corpo técnico e o seu modelo de negócio", diz De Beers. "É uma empresa sólida, lucrativa, com uma rede de última geração que nos complementaria na expansão fora de São Paulo, especialmente no mercado corporativo."
Para Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a Telefônica sempre foi candidata à compra da GVT.
"Investimentos em uma rede nova fora de São Paulo exigiriam muito da Telefônica. O natural seria comprar a GVT, já que a Brasil Telecom foi adquirida pela Oi."


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