|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPREVIDÊNCIA
Berzoini pede perdão após receber críticas pela suspensão de aposentadoria de pessoas com mais de 90 anos
Sob pressão, ministro recua e se desculpa
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após se recusar no começo do
dia a pedir desculpas pelos transtornos provocados pela suspensão de pagamentos de benefícios
a aposentados com mais de 90
anos, o ministro Ricardo Berzoini
(Previdência) divulgou uma nota
às 17h15 de ontem na qual classificou a medida como "um equívoco" e pediu perdão "em nome de
toda a nossa instituição".
Pela manhã, o ministro havia
declarado, em entrevista ao jornal
"Bom Dia Brasil", da Rede Globo,
que "não há razão para pedir desculpas porque houve problemas
localizados". Berzoini se referia às
filas e confusões nos postos do
INSS desde a última segunda-feira, quando, para desmascarar
fraudes em aposentadorias e pensões, o Ministério suspendeu, sem
aviso prévio, o benefício de 105
mil pessoas com mais de 90 anos e
mais de 30 anos de recebimento.
Também entraram no bloqueio
-que seria suspenso até o recadastramento- as pessoas acima
de cem anos, independentemente
do tempo de benefício.
Berzoini afirmou que estava
"convicto de que o combate à
fraude vai exigir um grau de sacrifício de todos".
No final da tarde, o discurso do
ministro -que nesse meio tempo chegou a ter sua demissão pedida por parlamentares- mudou. Berzoini se colocou à disposição de jornalistas para falar sobre a medida, que foi suspensa até
segunda ordem, e declarou que
"houve uma falha".
"Foi subestimada a amplitude
desse contingente [de beneficiários] e a situação desses idosos.
[...] Se houvesse anúncio de que
um eventual bloqueio só ocorreria depois de certo prazo, teríamos evitado o transtorno, pelo
qual assumimos a responsabilidade", afirmou Berzoini à Folha.
O ministro assinalou, no entanto, que a intenção da Previdência
é "prosseguir com o recadastramento". "No entanto, como há
várias sugestões que chegaram
através da imprensa e do Congresso Nacional, não vamos fechar nenhuma posição hoje".
Berzoini afirmou que, a princípio, 30% dos benefícios concedidos nessa faixa seria irregular,
mas "é possível que seja muito
mais do que isso".
"Assumo a responsabilidade
pelo equívoco de vincular o recadastramento ao bloqueio de pagamento e peço desculpas, em
nome de toda a nossa instituição,
pelo transtorno causado aos aposentados e pensionistas abrangidos pela medida", dizia a nota divulgada no site da Previdência.
Contradições
As contradições de ontem foram uma repetição do que ocorreu na quinta-feira. Na tarde de
anteontem, o INSS chamou a imprensa para uma coletiva no prédio da instituição, em São Paulo.
No local, o diretor de benefícios
do instituto, Benedito Adalberto
Brunca, justificou o bloqueio dos
benefícios, afirmando que o INSS
não divulgou a suspensão com
antecedência porque isso "acabaria levando às nossas agências
muito mais do que os 105 mil beneficiários que nós efetivamente
estamos procurando trabalhar".
À noite, no mesmo dia, Berzoini
revogou a medida. Em nota, o Ministério da Previdência informou
que os benefícios suspensos serão
desbloqueados a partir desta segunda-feira.
Texto Anterior: José Alencar critica bloqueio de benefícios Próximo Texto: AGU vê violação de direitos humanos Índice
|