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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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IMPREVIDÊNCIA

Berzoini pede perdão após receber críticas pela suspensão de aposentadoria de pessoas com mais de 90 anos

Sob pressão, ministro recua e se desculpa

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após se recusar no começo do dia a pedir desculpas pelos transtornos provocados pela suspensão de pagamentos de benefícios a aposentados com mais de 90 anos, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência) divulgou uma nota às 17h15 de ontem na qual classificou a medida como "um equívoco" e pediu perdão "em nome de toda a nossa instituição".
Pela manhã, o ministro havia declarado, em entrevista ao jornal "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, que "não há razão para pedir desculpas porque houve problemas localizados". Berzoini se referia às filas e confusões nos postos do INSS desde a última segunda-feira, quando, para desmascarar fraudes em aposentadorias e pensões, o Ministério suspendeu, sem aviso prévio, o benefício de 105 mil pessoas com mais de 90 anos e mais de 30 anos de recebimento.
Também entraram no bloqueio -que seria suspenso até o recadastramento- as pessoas acima de cem anos, independentemente do tempo de benefício.
Berzoini afirmou que estava "convicto de que o combate à fraude vai exigir um grau de sacrifício de todos".
No final da tarde, o discurso do ministro -que nesse meio tempo chegou a ter sua demissão pedida por parlamentares- mudou. Berzoini se colocou à disposição de jornalistas para falar sobre a medida, que foi suspensa até segunda ordem, e declarou que "houve uma falha".
"Foi subestimada a amplitude desse contingente [de beneficiários] e a situação desses idosos. [...] Se houvesse anúncio de que um eventual bloqueio só ocorreria depois de certo prazo, teríamos evitado o transtorno, pelo qual assumimos a responsabilidade", afirmou Berzoini à Folha.
O ministro assinalou, no entanto, que a intenção da Previdência é "prosseguir com o recadastramento". "No entanto, como há várias sugestões que chegaram através da imprensa e do Congresso Nacional, não vamos fechar nenhuma posição hoje".
Berzoini afirmou que, a princípio, 30% dos benefícios concedidos nessa faixa seria irregular, mas "é possível que seja muito mais do que isso".
"Assumo a responsabilidade pelo equívoco de vincular o recadastramento ao bloqueio de pagamento e peço desculpas, em nome de toda a nossa instituição, pelo transtorno causado aos aposentados e pensionistas abrangidos pela medida", dizia a nota divulgada no site da Previdência.

Contradições
As contradições de ontem foram uma repetição do que ocorreu na quinta-feira. Na tarde de anteontem, o INSS chamou a imprensa para uma coletiva no prédio da instituição, em São Paulo.
No local, o diretor de benefícios do instituto, Benedito Adalberto Brunca, justificou o bloqueio dos benefícios, afirmando que o INSS não divulgou a suspensão com antecedência porque isso "acabaria levando às nossas agências muito mais do que os 105 mil beneficiários que nós efetivamente estamos procurando trabalhar".
À noite, no mesmo dia, Berzoini revogou a medida. Em nota, o Ministério da Previdência informou que os benefícios suspensos serão desbloqueados a partir desta segunda-feira.


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