São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2005

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BALANÇOS

Instituição lucra R$ 4,05 bilhões de janeiro a setembro, melhor resultado já registrado pelo setor bancário para o período

Crédito leva Bradesco a dobrar o lucro

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco bateu o Itaú mais uma vez: de janeiro a setembro, o lucro líquido do banco somou R$ 4,05 bilhões, contra R$ 3,82 bilhões registrados pelo concorrente no período.
Além do resultado bilionário e recorde, o Bradesco, maior banco privado do país, obteve importante crescimento de sua rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio, que subiu de 20% no fim do terceiro trimestre de 2004 para 33,7% em igual período deste ano.
Somente no terceiro trimestre, o lucro contabilizado pelo banco chegou a R$ 1,43 bilhão.
A expansão do crédito, especialmente no segmento de pessoa física, foi o grande impulsionador do resultado. A carteira de crédito chegou a R$ 75,24 bilhões ao final de setembro -estava em R$ 59,98 bilhões um ano antes.
O lucro da instituição financeira, que saltou 102% em relação aos primeiros nove meses de 2004, ficou dividido da seguinte forma: 39% com o crédito; 30% com seguros; 26% com serviços; e 5% com o segmento de títulos e valores mobiliários. No fim do primeiro semestre, a área de crédito representava 34% do total.
"A expansão da carteira de crédito chama a atenção. O banco está entrando forte no segmento de pessoa física e obtendo grandes retornos", diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating. "O principal desafio deles agora é manter o ROE [rentabilidade sobre o patrimônio] acima dos 30%", afirma Rodrigues.
O lucro do Bradesco entre janeiro e setembro foi o maior já registrado pelo setor bancário de capital aberto, mesmo considerando os dados anuais fechados, de acordo com levantamento da consultoria Economática.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, ao anunciar ontem os resultados da instituição, previu que a carteira de crédito termine este ano com crescimento em torno dos 25%.
"A recuperação da renda e do emprego, além da estratégia de crescimento no segmento [pessoa física], tem sido importante [para a expansão do crédito]", afirmou.
Dentro dessa estratégia, analistas destacam parcerias com grandes grupos de varejo -como as Casas Bahia- e a aquisição de carteiras ou mesmo instituições de menor porte.

Riscos
Ao menos por enquanto, a elevação da base de empréstimos à pessoa física -que costuma representar mais riscos- não trouxe problemas: o índice de inadimplência do Bradesco recuou de 3,7% para 3,1% entre setembro de 2004 e o mesmo mês deste ano.
Como o banco continua otimista em relação à economia brasileira em 2006, projetando crescimento do PIB de 4%, o cenário segue positivo para o crédito manter cada vez mais peso em seus resultados. Para 2006, a expectativa da instituição é que o crédito cresça entre 20% e 25%.

Juros
Nem mesmo o atual processo de redução da taxa básica de juros da economia parece assustar o banco. "À medida que os juros caem, as operações de crédito aumentam imediatamente. Fora isso, temos uma capacidade de crescimento orgânico muito grande", afirmou o presidente do Bradesco. A instituição prevê que a taxa Selic estará em 14,5% no fim de 2006 -a taxa está atualmente em 19% anuais.
O número de contas correntes chegou a 16,5 milhões no fim de setembro, com aumento de 7,8% em relação a 2004.
A ação preferencial do Bradesco foi a terceira mais negociada no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo. O papel registrou valorização de 1,15%.
Considerando o período de um ano, a ação preferencial da instituição financeira tem retorno acumulado de 122,2%.


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