São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2005

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COMÉRCIO

Celso Amorim diz que expectativas para reunião serão reduzidas, se necessário; ministro indiano cita prazo curto

G20 já admite Hong Kong sem acordo

DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reunião entre representantes do Brasil, da Índia, da União Européia, dos Estados Unidos e do Japão para tentar avançar as negociações da Rodada Doha terminou ontem em tom pessimista com relação ao resultado da reunião da OMC em Hong Kong, no próximo mês.
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) admitiu a hipótese, já levantada por alguns representantes de países-membros da OMC, de que a reunião de Hong Kong, na qual deveria ser aprovado um acordo abrangente de liberalização do comércio, não tenha sucesso.
"Não vamos reduzir nosso nível de ambição para a rodada. Se necessário, reduziremos o nível de expectativa para Hong Kong", afirmou Amorim.
O ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, fez declarações na mesma linha de Amorim. O Brasil e a Índia fazem parte do G20, grupo de 20 países em desenvolvimento que pedem redução de tarifas e subsídios agrícolas de nações desenvolvidas.
"Com os poucos dias restantes, com a vastidão do que está na mesa, nós poderemos não ter" o plano completo que deveria estar pronto antes de Hong Kong, disse o ministro indiano.
"Não quer dizer que Hong Kong vá ser um fracasso. Nós estamos ajustando as expectativas baseados no tempo e na complexidade", disse Nath, que chefiou a reunião de ontem, que serviu de preparação para a reunião da OMC que começa hoje na Suíça.
Amorim se encontrou ontem, antes da reunião com os quatro países, com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, para, mais uma vez, pedir que os países desenvolvidos reduzam os subsídios agrícolas. Em troca, Amorim sinalizou com possíveis concessões na área industrial.
Depois do encontro com o primeiro-ministro britânico, Amorim concedeu entrevista coletiva. Alguns trechos da fala dele foram divulgados pelo Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
"Nós não ignoramos que será necessário também progresso nessas áreas [concessões do G20 sobre protecionismo na indústria] e estamos dispostos a considerar essa hipótese, desde que haja progressos reais em agricultura", disse Amorim, segundo o relato do ministério.
O assunto também foi tratado no encontro com Blair. O Reino Unido ocupa atualmente a presidência da UE. "Expliquei a ele [Blair] que nós estamos prontos a fazer esses movimentos, mas não podemos colocar o carro diante dos bois. A questão central é a agricultura", afirmou.
Amanhã, ainda em Genebra, Amorim deve participar de uma reunião com ministros dos países do G20 para debater os resultados das negociações dos últimos dias.
Os representantes dos EUA e da UE adotaram ontem tom diferente, ao dizer que as negociações de liberalização do comércio não devem se focar só na agricultura.
O chefe do USTr (espécie de ministério do Comércio Exterior dos EUA), Rob Portman, disse ontem que insistiria, com a UE, para negociar o acesso a serviços e produtos industriais. "Vai ser difícil convencer os países que acreditam que têm uma vantagem inerente na agricultura a ver o equilíbrio em negociar produtos e serviços", disse Portman.
"Agricultura é muito importante; é central. Mas agricultura é uma área em que todas as propostas estão na mesa. Onde não fizemos progresso é nas outras áreas das negociações", afirmou Peter Mandelson, comissário de Comércio da UE.


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