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COMÉRCIO
Celso Amorim diz que expectativas para reunião serão reduzidas, se necessário; ministro indiano cita prazo curto
G20 já admite Hong Kong sem acordo
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reunião entre representantes
do Brasil, da Índia, da União Européia, dos Estados Unidos e do
Japão para tentar avançar as negociações da Rodada Doha terminou ontem em tom pessimista
com relação ao resultado da reunião da OMC em Hong Kong, no
próximo mês.
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) admitiu a hipótese, já levantada por alguns representantes de países-membros
da OMC, de que a reunião de
Hong Kong, na qual deveria ser
aprovado um acordo abrangente
de liberalização do comércio, não
tenha sucesso.
"Não vamos reduzir nosso nível
de ambição para a rodada. Se necessário, reduziremos o nível de
expectativa para Hong Kong",
afirmou Amorim.
O ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, fez declarações
na mesma linha de Amorim. O
Brasil e a Índia fazem parte do
G20, grupo de 20 países em desenvolvimento que pedem redução de tarifas e subsídios agrícolas
de nações desenvolvidas.
"Com os poucos dias restantes,
com a vastidão do que está na mesa, nós poderemos não ter" o plano completo que deveria estar
pronto antes de Hong Kong, disse
o ministro indiano.
"Não quer dizer que Hong
Kong vá ser um fracasso. Nós estamos ajustando as expectativas
baseados no tempo e na complexidade", disse Nath, que chefiou a
reunião de ontem, que serviu de
preparação para a reunião da
OMC que começa hoje na Suíça.
Amorim se encontrou ontem,
antes da reunião com os quatro
países, com o primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, para, mais
uma vez, pedir que os países desenvolvidos reduzam os subsídios
agrícolas. Em troca, Amorim sinalizou com possíveis concessões
na área industrial.
Depois do encontro com o primeiro-ministro britânico, Amorim concedeu entrevista coletiva.
Alguns trechos da fala dele foram
divulgados pelo Ministério das
Relações Exteriores, em Brasília.
"Nós não ignoramos que será
necessário também progresso
nessas áreas [concessões do G20
sobre protecionismo na indústria] e estamos dispostos a considerar essa hipótese, desde que haja progressos reais em agricultura", disse Amorim, segundo o relato do ministério.
O assunto também foi tratado
no encontro com Blair. O Reino
Unido ocupa atualmente a presidência da UE. "Expliquei a ele
[Blair] que nós estamos prontos a
fazer esses movimentos, mas não
podemos colocar o carro diante
dos bois. A questão central é a
agricultura", afirmou.
Amanhã, ainda em Genebra,
Amorim deve participar de uma
reunião com ministros dos países
do G20 para debater os resultados
das negociações dos últimos dias.
Os representantes dos EUA e da
UE adotaram ontem tom diferente, ao dizer que as negociações de
liberalização do comércio não devem se focar só na agricultura.
O chefe do USTr (espécie de ministério do Comércio Exterior dos
EUA), Rob Portman, disse ontem
que insistiria, com a UE, para negociar o acesso a serviços e produtos industriais. "Vai ser difícil
convencer os países que acreditam que têm uma vantagem inerente na agricultura a ver o equilíbrio em negociar produtos e serviços", disse Portman.
"Agricultura é muito importante; é central. Mas agricultura é
uma área em que todas as propostas estão na mesa. Onde não fizemos progresso é nas outras áreas
das negociações", afirmou Peter
Mandelson, comissário de Comércio da UE.
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