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BC diz que Calmon de Sá não vai sair com dinheiro
Para diretor, banco tem a receber, e não a pagar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central não pretende recorrer da decisão que, na
semana passada, liberou os
bens do antigo dono do Banco
Econômico, Ângelo Calmon de
Sá. O BC também rebate críticas feitas pelo ex-banqueiro ao
processo de liquidação e diz
que Calmon de Sá não vai sair
com dinheiro depois de encerrada a venda dos bens que pertenciam ao banco.
O Econômico foi um dos bancos que quebraram depois da
implantação do Plano Real, em
1994, e foi socorrido pelo Proer.
Em entrevista à Folha, Calmon
de Sá reclamou dos critérios
usados pelo BC para corrigir as
dívidas do Econômico, que, segundo ele, prejudicam os antigos controladores do banco.
O ex-banqueiro defende que
as dívidas sejam corrigidas pela
TR (Taxa Referencial), enquanto o BC diz que os empréstimos devem ser atualizados
pelas condições previstas originalmente no contrato firmado
com os credores.
"Isso [a reclamação] é absolutamente normal. Eu ficaria
surpreso se ele concordasse",
rebate o diretor de Liquidações
e Desestatização do BC, Gustavo do Vale. "Estamos falando
de o BC receber mais ou receber menos, mas não de pagar."
Segundo ele, os critérios usados no processo de liquidação
do Econômico estão baseados
em um parecer jurídico elaborado pelos advogados do BC a
partir da Lei de Falências e da
lei que criou o Proer.
Sobre a liberação dos bens de
Calmon de Sá, Vale disse que
não falaria porque o BC não
participa desse processo -a
decisão foi tomada pela Justiça
da Bahia a partir de pedido do
Ministério Público do Estado.
Mas ressaltou que, ao contrário do que consta do processo, o rombo do Econômico hoje
ainda é de aproximadamente
R$ 7 bilhões. À Justiça, porém,
teria sido informado que o balanço do banco estava equilibrado -ou seja, o valor de seus
bens equivaliam às dívidas.
O diretor do BC diz que os
números que mostravam equilíbrio nas contas constavam do
balanço de maio, que foi elaborado antes que fosse feita a
atualização do valor das dívidas
do Econômico -havia dúvidas
quanto ao índice a ser usado.
Depois de um parecer jurídico determinar a atualização
dessas dívidas a partir das condições previstas originalmente
nos contratos, e não pela TR,
uma correção foi feita nas demonstrações financeiras de junho, evidenciando o rombo.
Vale diz, porém, que os credores que se julgarem prejudicados com a liberação dos bens
de Calmon de Sá podem recorrer à Justiça, mas não indicou
disposição do BC em fazê-lo.
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