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Tesouro vende bônus para captar US$ 1,5 bi
Taxa adicional em relação a títulos semelhantes dos EUA é a menor paga
Foi o oitavo lançamento de
bônus feito pelo Tesouro
neste ano, totalizando
US$ 4,4 bi; com realização
de lucros, Bolsa cai 0,48%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tesouro Nacional tomou
ontem empréstimo de US$ 1,5
bilhão com a venda de títulos
no mercado internacional. Na
operação, o governo brasileiro
se comprometeu a pagar juros
de 6,249% ao ano até 2017. Os
papéis foram adquiridos por investidores de vários países.
O Tesouro comemorou as
condições obtidas nessa emissão. A taxa paga pelos papéis do
Brasil ficou 1,59 ponto percentual acima dos juros oferecidos
por títulos semelhantes emitidos pelo governo norte-americano. Essa diferença -chamada de "spread"- foi a mais baixa já conseguida numa operação feita pelo governo brasileiro desde a renegociação da dívida externa, encerrada em 1994.
Além disso, pela primeira vez
foi incluída nesses títulos uma
cláusula que permite ao Tesouro recomprar os papéis caso
seu "spread" caia para 0,25
ponto percentual em relação
aos bônus norte-americanos.
Segundo pessoas envolvidas
na operação, esse tipo de cláusula costuma ser usada por empresas e países classificados
por agências como "grau de investimento", nota atribuída
quando a probabilidade de um
calote é considerada baixa. Pelos critérios da maioria das
agências, o Brasil se encontra
dois níveis abaixo dessa nota.
A venda de ontem foi intermediada pelo Deutsche Bank e
pelo Barclays. Com ela, subiu
para US$ 4,4 bilhões o total de
emissões externas feitas pelo
governo brasileiro.
Em geral, o dinheiro obtido
com a venda de títulos no mercado internacional é usado nos
pagamentos das parcelas da dívida externa do governo. Nos
últimos anos, porém, esses pagamentos têm sido feitos com
dólares comprados pelo Tesouro diretamente no mercado de
câmbio doméstico.
Por isso, os recursos conseguidos com essas emissões acabam servindo para reforçar as
reservas internacionais do país,
que estão hoje em cerca de US$
79 bilhões.
A estratégia do Tesouro tem
sido a de dar preferência a
emissões de títulos da dívida
externa denominados em reais,
e não em dólar. Entre setembro
e outubro, foi vendido cerca de
US$ 1 bilhão em papéis desse tipo.
Na última emissão de papéis
atrelados ao dólar, feita em
agosto passado, o Brasil vendeu
títulos com vencimento em
2037 e que pagavam juros de
6,83% ao ano -na época, 2,05
pontos percentuais acima dos
bônus do governo dos EUA.
"O mercado recebeu com otimismo o anúncio do Tesouro
de uma captação com vencimento em 2017 e com a menor
taxa já paga pelo governo brasileiro", afirmou Alexandre Turrer, especialista da área internacional da corretora Liquidez.
No mercado de câmbio, a
captação do Tesouro teve efeito
positivo. O dólar chegou a ser
negociado a R$ 2,133 (baixa de
0,28%). Mas o dólar ganhou um
pouco de força e fechou a R$
2,138, com recuou de 0,05%.
Bolsa em baixa
Os investidores resolveram
ontem embolsar parte dos lucros acumulados após quatro
pregões seguidos de alta. O resultado foi a queda de 0,48% registrada ontem pela Bovespa.
Na segunda, a Bolsa superou
os 41 mil pontos pela primeira
vez desde maio. Apesar do recuo, a Bolsa fechou ontem a
41.048 pontos.
A baixa de ontem não significou o fim do bom momento que
atravessa o mercado acionário
brasileiro, avaliam analistas.
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