São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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Tesouro vende bônus para captar US$ 1,5 bi

Taxa adicional em relação a títulos semelhantes dos EUA é a menor paga

Foi o oitavo lançamento de bônus feito pelo Tesouro neste ano, totalizando US$ 4,4 bi; com realização de lucros, Bolsa cai 0,48%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tesouro Nacional tomou ontem empréstimo de US$ 1,5 bilhão com a venda de títulos no mercado internacional. Na operação, o governo brasileiro se comprometeu a pagar juros de 6,249% ao ano até 2017. Os papéis foram adquiridos por investidores de vários países.
O Tesouro comemorou as condições obtidas nessa emissão. A taxa paga pelos papéis do Brasil ficou 1,59 ponto percentual acima dos juros oferecidos por títulos semelhantes emitidos pelo governo norte-americano. Essa diferença -chamada de "spread"- foi a mais baixa já conseguida numa operação feita pelo governo brasileiro desde a renegociação da dívida externa, encerrada em 1994.
Além disso, pela primeira vez foi incluída nesses títulos uma cláusula que permite ao Tesouro recomprar os papéis caso seu "spread" caia para 0,25 ponto percentual em relação aos bônus norte-americanos.
Segundo pessoas envolvidas na operação, esse tipo de cláusula costuma ser usada por empresas e países classificados por agências como "grau de investimento", nota atribuída quando a probabilidade de um calote é considerada baixa. Pelos critérios da maioria das agências, o Brasil se encontra dois níveis abaixo dessa nota.
A venda de ontem foi intermediada pelo Deutsche Bank e pelo Barclays. Com ela, subiu para US$ 4,4 bilhões o total de emissões externas feitas pelo governo brasileiro.
Em geral, o dinheiro obtido com a venda de títulos no mercado internacional é usado nos pagamentos das parcelas da dívida externa do governo. Nos últimos anos, porém, esses pagamentos têm sido feitos com dólares comprados pelo Tesouro diretamente no mercado de câmbio doméstico.
Por isso, os recursos conseguidos com essas emissões acabam servindo para reforçar as reservas internacionais do país, que estão hoje em cerca de US$ 79 bilhões.
A estratégia do Tesouro tem sido a de dar preferência a emissões de títulos da dívida externa denominados em reais, e não em dólar. Entre setembro e outubro, foi vendido cerca de US$ 1 bilhão em papéis desse tipo.
Na última emissão de papéis atrelados ao dólar, feita em agosto passado, o Brasil vendeu títulos com vencimento em 2037 e que pagavam juros de 6,83% ao ano -na época, 2,05 pontos percentuais acima dos bônus do governo dos EUA.
"O mercado recebeu com otimismo o anúncio do Tesouro de uma captação com vencimento em 2017 e com a menor taxa já paga pelo governo brasileiro", afirmou Alexandre Turrer, especialista da área internacional da corretora Liquidez.
No mercado de câmbio, a captação do Tesouro teve efeito positivo. O dólar chegou a ser negociado a R$ 2,133 (baixa de 0,28%). Mas o dólar ganhou um pouco de força e fechou a R$ 2,138, com recuou de 0,05%.

Bolsa em baixa
Os investidores resolveram ontem embolsar parte dos lucros acumulados após quatro pregões seguidos de alta. O resultado foi a queda de 0,48% registrada ontem pela Bovespa.
Na segunda, a Bolsa superou os 41 mil pontos pela primeira vez desde maio. Apesar do recuo, a Bolsa fechou ontem a 41.048 pontos.
A baixa de ontem não significou o fim do bom momento que atravessa o mercado acionário brasileiro, avaliam analistas.


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