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Oferta de trabalho está desequilibrada
Ipea diz que não há mão-de-obra para 123 mil vagas qualificadas, enquanto 207 mil profissionais qualificados estão desempregados
Instituto vê ameaça à expansão econômica; necessidade de profissionais mais qualificados é maior em setores da indústria
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Falta trabalhador qualificado
para uma a cada quatro vagas
com carteira assinada abertas
pela indústria em 2007, concluiu pesquisa divulgada ontem
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Apesar da falta de pessoal qualificado, localizada em algum segmentos da economia e regiões
do país, sobram profissionais
com qualificação e experiência,
sobretudo na construção civil,
constatou o primeiro estudo
abrangente sobre a escassez de
mão-de-obra no país.
O déficit de profissionais
qualificados e com experiência
é mais relevante em determinados setores da indústria: química e petroquímica, produtos
de transportes e mecânicos e
extrativista mineral, listou o
Ipea. Ao todo, faltaria mão-de-obra com qualificação e experiência para 123,3 mil vagas
com carteira assinada abertas
em 2007.
O mesmo estudo apontou
que 207,4 mil trabalhadores
qualificados deverão permanecer desempregados neste ano
por falta de vagas suficientes
nos setores econômicos para as
quais esses profissionais estariam habilitados. O setor com a
maior sobra de mão-de-obra
qualificada é o da construção
civil, apesar do boom registrado na área.
Na contabilidade geral do
Ipea, o mercado de trabalho
brasileiro teria um excesso de
mão-de-obra qualificada de
pouco mais de 84 mil profissionais. Eles são uma parcela dos
1,7 milhão de trabalhadores
qualificados que vão ao mercado de trabalho em 2007.
Os qualificados, por sua vez,
são apenas 18,3% do total de
pessoas que procuram emprego no Brasil. A grande maioria
-7,5 milhões- tem baixa ou
nenhuma qualificação ou experiência profissional, sobretudo
no Sudeste.
Marcio Pochmann, presidente do Ipea, disse que o estudo não fortalece a pressão de algumas empresas para importar
mão-de-obra. "Pelo contrário,
o estudo desautoriza esse tipo
de pressão", disse. "Importar
mão-de-obra num país com 9
milhões de pessoas à procura
de emprego é um paradoxo: temos trabalhadores que poderiam ser rapidamente treinados", completou.
Segundo Pochmann, o estudo mostra um desencontro entre oferta e demanda por profissionais. "O desafio é combinar cada vez mais oferta e demanda, ajustar tanto a oferta
como a demanda", destacou.
Ele classifica a escassez de trabalhadores qualificados como
um "bom problema" criado pelo crescimento econômico, mas
que, se não for resolvido com
planejamento, pode se transformar, no futuro, num entrave
ao crescimento da economia.
A qualificação exigida do trabalhador varia muito de vaga a
vaga. O estudo do Ipea mostrou
que a maioria das vagas para as
quais faltam profissionais aptos não exige formação superior, mas uma média de 9,3
anos de estudo e formação técnica (veja texto abaixo).
O cruzamento de dados da
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios, do IBGE) com informações do Ministério do Trabalho apontou
que é na região Nordeste onde
mais sobram profissionais qualificados, sobretudo em serviços de educação, saúde, assistência social e lazer. Em seguida vem a região Sudeste, onde
falta justamente o tipo de profissional que sobra no Nordeste.
A região Norte é onde mais
faltam trabalhadores aptos às
vagas criadas, sobretudo no comércio e em serviços de reparação de produtos.
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