|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BRA só pagará bilhete se obtiver novo aporte
Empresa condiciona reembolso de passagem a passageiros a novo investimento e diz que precisa de US$ 30 mi para voltar a voar
Companhia, que anunciou paralisação das operações,
tem 70 mil passagens vendidas até março de
2008, no valor de R$ 22 mi
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de afirmar que seus
passageiros que pedirem reembolso serão pagos no valor original das passagens em até 30
dias, a BRA, que informou anteontem a suspensão temporária dos seus vôos, condiciona o
pagamento (são R$ 22 milhões
em tíquetes vendidos) a um novo investimento na empresa.
A companhia, com dívidas de
cerca de US$ 100 milhões em
bancos, estima em US$ 30 milhões o valor necessário para
retomar suas operações e vem
procurando novos fundos de
investimento para sondar interesse em investir na empresa.
Os fundos que fazem parte da
Brazil Air Partners, que no ano
passado capitalizaram a empresa em US$ 70 milhões e entraram em atrito com o seu
controlador, Humberto Folegatti, não se mostram dispostos
a realizar novo investimento.
"Temos discussões em curso
entre os acionistas sobre a possibilidade de entrar um fundo
de fora para capitalizar a companhia. Se um terceiro investidor entrar, isso permitiria que
os atuais acionistas possam
acompanhar o investimento",
disse o diretor da BRA Danilo
Amaral. "O problema é tempo."
O fator que mais pesou na paralisação da BRA, de acordo
com ele, foi não conseguir mais
pagar pelo combustível.
Na prática, a avaliação de especialistas é que a companhia
dificilmente voltará a operar.
Lembram o caso de empresas
como a Vasp, que também interrompeu operações por problemas financeiros e não conseguiu voltar a voar, principalmente depois da exposição de
suas situações na mídia.
A BRA, que em setembro
possuía 4,6% dos vôos domésticos, fazia 26 rotas nacionais e 3
internacionais, com 35 vôos
domésticos de segunda a sexta.
Segundo Amaral, caso a companhia não encontre um novo
investidor, venderá ativos para
pagar, prioritariamente, funcionários (a companhia deu
aviso prévio a seus 1.100 funcionários) e passageiros. A BRA
tem 70 mil passagens vendidas
até março de 2008.
Se os empregados forem demitidos, a BRA precisaria pagar
a eles R$ 7 milhões. A companhia fala em aviso prévio, mas
funcionários relatam que demissões foram efetuadas.
Apesar de a companhia afirmar que o reembolso ao passageiro será priorizado, a advogada Leonor Cordovil, especialista em direito do consumidor,
aconselha que os clientes da
BRA busquem ser acomodados
em vôos de outras companhias.
"Deve fazer isso antes do que
algo pior possa acontecer, como a empresa entrar em falência e o consumidor passar a ser
visto como um credor", disse.
Executivos do setor ouvidos
pela reportagem avaliam que a
empresa não é muito atrativa
no momento. Além das dívidas,
a BRA teria tido sua fatia do
mercado doméstico reduzida
drasticamente com a crise.
O fundo americano Matlin
Patterson, que em 2006 se uniu
a investidores brasileiros para
comprar a Varig, foi procurado
por representantes da BRA,
mas não se interessou.
A Embraer, de quem a BRA
comprou 20 jatos, divulgou nota afirmando que acompanha o
desenrolar da crise da companhia e reafirmou a confiança no
cumprimento do acordo.
Com MARINA FALEIROS, colaboração para a Folha
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: O esperado nunca acontece Próximo Texto: Com crise aérea, lucro da Gol no 3º tri cai 78,7% Índice
|