São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Motorista deve evitar gás, diz ministro

Nelson Hubner afirma que "não aconselharia" investimento na conversão de automóveis para rodar com o combustível

Presidente da Petrobras diz que os contratos com as distribuidoras serão honrados, mas não deu garantias aos motoristas

HUMBERTO MEDINA
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal recomenda que os motoristas não façam investimentos para converter seus automóveis para rodar com gás natural (GNV, Gás Natural Veicular). "Eu não aconselharia", disse o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner. Segundo ele, está na hora de tentar reduzir o aumento da demanda por gás provocada pelo uso do combustível em automóveis.
"O que estamos querendo é que só haja expansão no momento em que houver garantia de fornecimento", disse Hubner. O ministro afirmou ainda que o governo federal nunca estimulou esse uso para o gás. "Nunca foi prioridade nossa o desenvolvimento da indústria de Gás Natural Veicular", disse.
Segundo o ministro, o incentivo foi dado por governos estaduais, principalmente no Rio de Janeiro, na gestão Rosinha Matheus (PMDB, 2003-2007).
Ele afirmou que houve redução de IPVA para quem fizesse a conversão do automóvel.
"Não teve campanha do governo Lula incentivando isso." O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, também avaliou que o uso do gás em automóveis é desaconselhável.
"Eu acho que não é o melhor uso para o gás natural, não é eficiente", disse Gabrielli. Ele disse que os contratos com as distribuidoras serão honrados, mas não deu garantias aos motoristas. "A Petrobras não fornece gás para os motoristas."
Já Hubner ratificou a posição do presidente Lula, informando que haverá GNV para abastecer quem já fez a conversão.
"Todo mundo que já fez essa transformação fez um investimento. O que não dá é para abandonar essas pessoas que, de boa-fé, fizeram esse investimento. Eles vão continuar tendo gás, até porque as distribuidoras têm um contrato com a Petrobras", disse ele.
Tanto o ministro quanto o presidente da Petrobras reforçaram o discurso de que as distribuidoras de gás precisam ter contratos que garantam o suprimento do combustível. "À medida que havia gás disponível, ela [Petrobras] entregou.
Mas todas as distribuidoras estavam conscientes de que, se houvesse necessidade, o gás seria reduzido", disse Gabrielli.
"Há prioridades de contratos, como o Termo de Compromisso com a Aneel." Ele se referia ao compromisso assumido pela Petrobras com a Agência Nacional de Energia Elétrica para garantir a geração de energia das termelétricas a gás.
Ainda de acordo com Gabrielli, não faltou planejamento para o setor. Ele explicou que, entre 2003 e 2005, havia excedente de gás natural e, nesse período, a estatal manteve os preços estáveis. Após 2005, começaram os reajustes de preços, e a Petrobras alertou para a necessidade de haver contratos para o fornecimento.
Para o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tomalsquim, a oferta de gás natural será um problema resolvido a partir de 2008, quando a Petrobras inicia a operação de unidades de transformação de gás liqüefeito. "O ano de 2008 será de inflexão, com os investimentos da Petrobras, vamos elevar para 40 milhões de m3 por dia a produção nacional, contra 16 milhões de m3 hoje", disse. Segundo ele, o aumento da oferta não deve representar incentivo para conversão de veículos particulares para gás natural.


Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília


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