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China avança em energias renováveis
Montadora BYD lança carro elétrico antes das rivais japonesas e americanas, e país já lidera em produção de painéis solares
Grandes projetos ambientais revelam ambição chinesa de liderar o desenvolvimento de tecnologias limpas, usando subsídios bilionários
RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A SHENZHEN
Uma desconhecida montadora chinesa conseguiu lançar
um carro elétrico dois anos antes que grandes montadoras japonesas e americanas.
A chinesa BYD lançou no ano
passado um carro que pode andar 100 km usando apenas
energia elétrica e lança no início de 2010 um modelo que
prescinde de gasolina. Atraindo
investidores como Warren
Buffet, a empresa quintuplicou
seu valor na Bolsa de Hong
Kong em 2009 e fez de seu fundador, Wang Chuanfu, 43, o homem mais rico da China.
A ascensão da BYD demonstra a atual grande ambição do
capitalismo chinês em liderar o
negócio das energias renováveis -parte do pacote de estímulo de US$ 580 bilhões lançado no ano passado prioriza subsídios a tais iniciativas.
A preocupação ambiental
tem motivos práticos, pois 16
das 20 cidades mais poluídas do
mundo estão no país, que ainda
depende muito do carvão e da
importação de petróleo.
As duas maiores produtoras
de painéis para energia solar no
mundo estão na China, e grandes usinas eólicas para produzir energia a partir do vento estão em construção.
Baterias
Novata automobilística, o
primeiro carro da BYD foi lançado em 2005. Mas a empresa é
líder mundial na produção de
baterias recarregáveis para celulares, laptops e iPods. É a
maior fornecedora de baterias
para Motorola, Philips, Nokia,
Samsung, GE e Apple, entre outras gigantes.
Seu primeiro carro elétrico,
F3DM, pode percorrer 100 km
sem depender de gasolina.
Quando sua bateria acaba, o
motor que utiliza gasolina pode
ser acionado. O veículo pode
ser carregado em tomadas comuns de 220 volts. Na propaganda da empresa, o proprietário deixa o carro carregando,
como se fosse um celular, antes
de dormir, e pode circular com
ele no dia seguinte. Estações de
carregamento rápido podem
carregá-lo em 15 minutos.
A GM anuncia para o final do
ano que vem um carro parecido, o Volt, que custará cerca de
US$ 40 mil, quase o dobro do
preço do modelo chinês.
Obstáculos
Apesar do frisson que o carro
elétrico provoca na China, há
muitos obstáculos ainda para a
sua popularização. A US$ 21,7
mil a unidade, o carro elétrico
ainda custa o dobro do valor de
um carro convencional do mesmo tamanho.
A empresa faz lobby para o
governo patrocinar uma rede
de estações industriais nas
quais seja possível carregar a
bateria. Para o diretor de vendas da BYD, Henry Li, será necessário mais apoio oficial para
a economia de escala. "Conseguimos dianteira em uma tecnologia que o mundo todo busca, mas são necessários subsídios para crescer no mercado
chinês e para estabelecer uma
rede", disse Li à Folha.
Assim como os painéis solares da chinesa Suntech, 90%
deles destinados a mercados de
países desenvolvidos, a BYD
poderia encontrar saída nos
mercados dos países desenvolvidos, onde a consciência ambiental está na moda. Mas não
faltam obstáculos.
"A BYD terá que enfrentar
exigências de segurança e de
distribuição de autopeças,
construir uma marca forte e
vencer o preconceito contra o
"made in China" no mundo",
enumera Tian Yongqiu, diretor
da consultoria China Automotive Review.
Por enquanto, o que mantém
a empresa lucrando são os carros convencionais F3 e F0,
além do mercado de baterias. A
BYD deve ultrapassar os 400
mil carros vendidos em 2009
-em sua maioria, carros 1.5 e
2.0 convencionais, com valores
entre 80 mil e 90 mil yuans
(entre R$ 20 mil e R$ 22,5 mil).
No ano, 8.000 veículos foram
exportados para Rússia, Ucrânia, Egito, Peru e Chile.
Apenas cem carros elétricos
foram vendidos. A BYD negocia com 15 prefeituras chinesas
a venda de carros elétricos com
subsídios do governo.
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