São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009

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Filho de plantador de arroz vira o homem mais rico do país, com US$ 5,3 bi

DO ENVIADO A SHENZHEN

O sucesso na Bolsa e o aval de Warren Buffet levaram o fundador da BYD, Wang Chuanfu, 43, ao posto de homem mais rico da China, segundo lista divulgada na última quinta-feira pela revista "Forbes". Sua fortuna foi avaliada em US$ 5,3 bilhões (cerca de R$ 9,12 bilhões).
"Ele é uma mistura de Thomas Edison com Jack Welch, um inventor e grande executor", descreveu Charlie Munger, sócio de Buffet, que o levou a comprar 10% da então obscura empresa chinesa.
Filho de plantadores de arroz, Wang nasceu em uma das mais pobres Províncias chinesas, Anhui. Seus pais morreram quando ele tinha 15 anos.
Aluno prodígio, Wang estudou física metalúrgica e química em Pequim, e foi contratado pelo estatal Instituto de Pesquisas de Metais Não Ferrosos. Entediado com o trabalho, teve a ideia de começar a produzir baterias, até então importadas do Japão.
Com um empréstimo de US$ 230 mil de um primo e o apoio de outros 20 engenheiros, ele criou a BYD em 1995, em Shenzhen, cidade de 10 milhões de habitantes que foi a primeira zona franca chinesa -em 1980, então uma vila de pescadores de 20 mil habitantes, foi escolhida pelo líder Deng Xiaoping (artífice da reforma econômica a partir de 1978) para servir de laboratório para o capitalismo.
Em 1997, a empresa já estava entre as sete maiores fabricantes de baterias recarregáveis do mundo. Nessa época, a BYD foi acusada de desrespeitar patentes e copiar baterias da Sanyo e da Sony.
Em 2002, a companhia abre seu capital na Bolsa de Hong Kong e, no ano seguinte, Wang compra uma montadora estatal à beira da falência em Xian com a ideia de começar a produzir carros. O primeiro modelo foi lançado no mercado em 2005.
No ano passado, Wang disse que em 2025 a BYD será a maior montadora de carros do mundo, desbancando a Toyota, justamente a marca favorita de Wang.
Vários especialistas apontam semelhanças no design do carro mais popular da BYD, o F3, com o Toyota Corolla. Em uma entrevista no ano passado, Wang disse que a Toyota era seu "modelo ideal" de carro.

Vida austera
Três livros foram lançados na semana passada descrevendo a trajetória do novo bilionário. Fora o Mercedes e o Lexus que adquiriu há pouco -Wang só aprendeu a dirigir aos 35 anos-, a vida do mais rico chinês ainda é considerada bastante simples.
Mora em um apartamento de três quartos, dentro do complexo da BYD, com a mulher e os dois filhos (na China urbana, quem tem mais de um filho paga uma pesada multa).
Detentor de 28% das ações da BYD, ele recebeu US$ 268 mil de salários em 2008 (cerca de R$ 461 mil, ou R$ 38,4 mil por mês). Wang trabalha de segunda a sábado, normalmente até as 23h. "Na nossa geração de chineses, o trabalho vem antes do que a vida pessoal", diz.
Contam seus assessores que ele ficou escandalizado quando soube que a endividada Ford organizou uma festa de gala no hotel George 5º durante o Salão do Automóvel de Paris.
No Salão de Detroit do ano passado, a BYD alojou seus executivos em uma casa de subúrbio para economizar as diárias de hotel. (RJL)


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