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POLÍTICA MONETÁRIA
Decisão deverá ser adotada pelo Copom; cenário otimista prevê algo em torno de 18,5% ao ano
BC pode voltar a baixar a taxa de juros
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O Banco Central poderá retomar na próxima semana a tendência de baixa na taxa de juros
básica da economia, hoje em 19%
ao ano. O viés de baixa foi retirado
na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no
mês passado.
A Folha apurou que, na avaliação do governo, os recentes aumentos de inflação não foram
provocados por elevação de consumo e não deverão se manter
nos próximos meses. Portanto,
seria importante indicar ao mercado que os juros básicos deverão
retomar, por enquanto, a tendência de queda.
A decisão que será adotada pelo
Copom, formado pelos diretores
do BC, poderá seguir uma postura ainda mais otimista -reduzindo os juros para algo entre 18,5% e
18,7% ao ano- ou mais conservadora, mantendo os juros em
19% sem retomada do viés de baixa. Como ainda faltam alguns
dias para a reunião do Copom,
marcada para o próximo dia 15, o
cenário macroeconômico pode
ser alterado. Até lá deverão ser divulgadas novas estimativas de inflação no mês. Se houver indícios
de alta, o Copom deverá manter
inalterado os juros básicos.
O governo está preocupado
com a questão porque uma decisão errada agora poderá dificultar
o cumprimento das metas de inflação para o próximo ano
-7,5% em março, 7% em junho,
6,5% em setembro e 6% em dezembro, considerando-se sempre
os últimos 12 meses.
Se reduzir os juros, o governo
terá um ganho fiscal e facilitará a
retomada do crescimento econômico. O aumento do consumo,
por sua vez, pode abrir espaço para elevação dos preços e da inflação. Por enquanto, o governo
considera pouco provável que
ocorra esse tipo de pressão.
Na última reunião do Copom, o
BC foi mais conservador exatamente porque estava preocupado
com a inflação do próximo ano.
Um dos motivos dessa preocupação foi o reajuste médio de 16,79%
nas tarifas de energia elétrica e telecomunicações, de janeiro a setembro, que poderia se repetir no
próximo ano.
É que os contratos de concessão
desses serviços prevêem reajustes
anuais pela variação do IGP (Índice Geral de Preços) nos 12 meses
anteriores. Devido a isso, o governo negocia com as empresas reajustes próximos de 6% -inflação
esperada para o próximo ano. A
idéia é fazer isso sem desrespeitar
os contratos de concessão.
Na avaliação de Gustavo Loyola,
ex-presidente do BC e sócio da
consultoria Tendências, o governo não deve mais mexer nos juros
neste ano, nem mesmo retomar o
viés de baixa. "Sem contar o recuo
do dólar, não houve nenhum fato
novo que justifique mudanças."
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