São Paulo, Quarta-feira, 08 de Dezembro de 1999


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POLÍTICA MONETÁRIA
Decisão deverá ser adotada pelo Copom; cenário otimista prevê algo em torno de 18,5% ao ano
BC pode voltar a baixar a taxa de juros

VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília

O Banco Central poderá retomar na próxima semana a tendência de baixa na taxa de juros básica da economia, hoje em 19% ao ano. O viés de baixa foi retirado na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no mês passado.
A Folha apurou que, na avaliação do governo, os recentes aumentos de inflação não foram provocados por elevação de consumo e não deverão se manter nos próximos meses. Portanto, seria importante indicar ao mercado que os juros básicos deverão retomar, por enquanto, a tendência de queda.
A decisão que será adotada pelo Copom, formado pelos diretores do BC, poderá seguir uma postura ainda mais otimista -reduzindo os juros para algo entre 18,5% e 18,7% ao ano- ou mais conservadora, mantendo os juros em 19% sem retomada do viés de baixa. Como ainda faltam alguns dias para a reunião do Copom, marcada para o próximo dia 15, o cenário macroeconômico pode ser alterado. Até lá deverão ser divulgadas novas estimativas de inflação no mês. Se houver indícios de alta, o Copom deverá manter inalterado os juros básicos.
O governo está preocupado com a questão porque uma decisão errada agora poderá dificultar o cumprimento das metas de inflação para o próximo ano -7,5% em março, 7% em junho, 6,5% em setembro e 6% em dezembro, considerando-se sempre os últimos 12 meses.
Se reduzir os juros, o governo terá um ganho fiscal e facilitará a retomada do crescimento econômico. O aumento do consumo, por sua vez, pode abrir espaço para elevação dos preços e da inflação. Por enquanto, o governo considera pouco provável que ocorra esse tipo de pressão.
Na última reunião do Copom, o BC foi mais conservador exatamente porque estava preocupado com a inflação do próximo ano. Um dos motivos dessa preocupação foi o reajuste médio de 16,79% nas tarifas de energia elétrica e telecomunicações, de janeiro a setembro, que poderia se repetir no próximo ano.
É que os contratos de concessão desses serviços prevêem reajustes anuais pela variação do IGP (Índice Geral de Preços) nos 12 meses anteriores. Devido a isso, o governo negocia com as empresas reajustes próximos de 6% -inflação esperada para o próximo ano. A idéia é fazer isso sem desrespeitar os contratos de concessão.
Na avaliação de Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da consultoria Tendências, o governo não deve mais mexer nos juros neste ano, nem mesmo retomar o viés de baixa. "Sem contar o recuo do dólar, não houve nenhum fato novo que justifique mudanças."



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