São Paulo, Quarta-feira, 08 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTUDO
Nível de concentração ainda é dos mais altos do mundo
Ipea minimiza a melhora na distribuição de renda no país

da Sucursal de Brasília

A concentração da renda no Brasil continua sendo uma das mais elevadas do mundo, embora a sua distribuição tenha melhorado um pouco entre 1997 e o ano passado.
Essa é uma das conclusões do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a partir dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1998.
Ontem, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Martus Tavares, apresentou o estudo do Ipea.
Segundo ele, o coeficiente de Gini (um dos indicadores utilizados para medir a concentração da renda) foi de 0,601 em 1998 contra 0,602 em 1997.

"Redução pequena"
"A redução é muito pequena, o índice continua sendo um dos piores do mundo", afirmou o presidente do Ipea, Roberto Martins. Segundo ele, em países com uma distribuição melhor da renda, o coeficiente de Gini está em torno de 0,3 e 0,4.
"A renda dos 10% mais ricos é 25 vezes superior ao total da renda dos 10% mais pobres", disse Martins. Na Argentina, os mais ricos ganham dez vezes mais que os mais pobres.

Gini
Segundo o Ipea, a melhor distribuição da renda de 1977 para cá aconteceu durante o Plano Cruzado, em 1986, quando o coeficiente de Gini foi de 0,582. Mas o coeficiente não ficou nesse patamar. Já em 1987, pulou para 0,605.
A participação dos 10% mais ricos na renda total cresceu de 47,7% em 1997 para 47,9% em 1998.
Martus ressaltou, porém, o aumento da participação da parcela dos 40% mais pobres na renda total: de 7,8% para 8%.
Pelo estudo do Ipea, a proporção de pobres e de indigentes na população total -161 milhões em 1998- também caiu entre 1997 e 1998.
No estudo, é fixada uma linha de pobreza por área metropolitana, ou seja, quanto é preciso para que uma pessoa possa satisfazer as suas necessidades básicas mensalmente.
Quem está abaixo dessa linha é pobre. A linha da indigência é metade da linha da pobreza.
Segundo o Ipea, os pobres e indigentes somados são 32,7% da população, ou 52,7 milhões. Os indigentes são 22,5 milhões. Em 1997, a proporção de pobres e indigentes era de 33,9%.
Para a região metropolitana de São Paulo, o Ipea definiu a linha da pobreza em R$ 104 em 1998.
Um dos indicadores que vêm melhorando gradativamente, segundo o Ipea, é a renda domiciliar per capita (renda de cada domicílio dividida pelo número de pessoas que moram nele).

Renda 1,4% maior
Entre 1997 e 1998, a renda domiciliar per capita anual cresceu de R$ 3.392 para R$ 3.440, ou 1,4%. Todos os valores do estudo foram calculados a preços constantes de 1997.


Texto Anterior: Seminário: Crédito de exportação começa a chegar às microempresas
Próximo Texto: Indústria: Volks alemã manda em fábrica no Rio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.