São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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PETROQUÍMICA

A americana Dow é principal concorrente

BNDES poderá emprestar R$ 1 bi a grupo Ultra para leilão da Copene

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S/A

A diretoria do BNDES aprovou as linhas gerais do pacote de ajuda de cerca de R$ 1 bilhão para o grupo Ultra participar do leilão da Copene Petroquímica do Nordeste S/A, no dia 14. O martelo será batido em reunião marcada para a próxima terça-feira, quando também deverá ser assinado o protocolo de apoio ao Ultra.
A maior parte do dinheiro do BNDES virá através de um empréstimo ponte de R$ 600 milhões a ser resgatado com um futuro aumento de capital da Copene. Mais R$ 250 milhões serão investidos pelo banco numa SPE (Sociedade de Propósito Específico) com o grupo Ultra e, finalmente, R$ 150 milhões serão financiados diretamente à Oxiteno, do grupo Ultra.
Apesar de ser uma dinheirama maior do que os R$ 600 milhões previstos anteriormente como ajuda do BNDES, o empresário Paulo Cunha, do grupo Ultra, acha difícil reunir recursos suficientes para fazer uma proposta maior do que a da Dow Chemical pela Copene. Por isso, ele está tentando convencer o governo da importância da Copene continuar em mãos nacionais.
Paulo Cunha já esteve conversando com Henri Phillippe Reichstul, presidente da Petrobras, para tentar apoio da estatal. Não obteve sucesso. Agora, deverá se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
O grupo Ultra conta com importantes aliados dentro do governo. Entre eles, os ministros Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), Alcides Tápias (Desenvolvimento) e José Serra (Saúde). Os nacionalistas, como são conhecidos, acham um risco para o país se a Dow ganhar o leilão. A empresa pode passar a deter o controle da petroquímica na América Latina, já que ela é dona de Baía Blanca, a central que fica na Argentina.
O governo está dividido. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, sustentam que o melhor para o país é obter o maior ágio possível no leilão, pouco importa a nacionalidade de quem vencer. O caso recente do Banespa é, para eles, o melhor exemplo. Se dependesse dos bancos nacionais, o Banespa teria sido vendido sem ágio. O Banespa foi vendido para o Santander por R$ 7,05 bilhões.



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