|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO FINANCEIRO
Atraídos por ganhos maiores, investidores e fundos de pensão elevam participação na Bolsa em 2003
Pessoa física já supera bancos na Bovespa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A disparada da Bolsa de Valores
de São Paulo e a queda dos juros
nos últimos meses têm provocado uma mudança no perfil do investidor do mercado acionário.
A participação das pessoas físicas e dos investidores institucionais (basicamente fundos de pensão) superou a das instituições financeiras no volume negociado
na Bolsa em 2003.
As instituições financeiras reduziram sua participação de
32,1% no volume negociado em
2002 para 18,3% neste ano (até
novembro).
Já a participação dos investidores institucionais saltou de 17,6%
nos negócios no ano passado para 28,9% neste ano. No mesmo
período, o segmento de pessoa física aumentou de 20,8% para
24,5% sua participação.
Pelo menos desde 98, as instituições financeiras respondiam
pela maior parcela do volume girado na Bolsa. Já os fundos de
pensão nunca haviam representado mais que 20% do volume negociado. Os bancos, no entanto,
tendem a voltar à Bolsa, com a
queda dos juros [leia abaixo].
"Esse movimento deve seguir
forte daqui para a frente. Para
cumprir suas metas, os fundos de
pensão terão de arriscar cada vez
mais na Bolsa. O raciocínio vale
também para a pessoa física, que,
insatisfeita com os menores retornos da renda fixa e da poupança, vai continuar buscando nas
ações uma alternativa", afirma
Eduardo Fornazier, gestor da
Santos Asset Management.
A Bovespa acumula valorização
de 85,3% neste ano. É o melhor
desempenho da Bolsa paulista
desde 99, quando a alta no acumulado do ano superou os 150%.
Além disso, atingiu nível recorde
-20.879 pontos.
A caderneta de poupança, por
sua vez, tem rentabilidade de apenas 11% neste ano. Os fundos DI
(que acompanham os juros, que
recuaram de 26,5% para 17,5%
em 2003) dão ganho de 22%.
Levantamento da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades
Fechadas de Previdência Complementar) mostra que o volume de
recursos do segmento aplicado
em ações subiu de R$ 26,7 bilhões
no fim de 2002 para R$ 31,2 bilhões em agosto deste ano.
Um fator que tem colaborado
para a popularização da Bolsa entre o investidor pessoa física é a
internet. O "home broker", criado
em 99, permite que investidores
façam pela rede mundial de computadores negócios de compra e
venda de ações.
Em dezembro de 99, as operações pelo "home broker" somaram pouco mais de R$ 118 milhões (ou 0,77% do volume total
negociado). No mês passado, os
negócios pelo sistema chegaram a
R$ 1,35 bilhão (ou 3,87% do total).
"Os ganhos crescentes da Bolsa
a tornaram mais atrativa para a
pessoa física. Nesse movimento, o
"home broker" tem tido um papel
importante. A trajetória dos juros
em queda tende a empurrar cada
vez mais pessoas para o mercado
acionário", diz Carlos Eduardo
ramos, sócio-diretor da ARX Capital Management.
Neste ano, a Bolsa tem girado
mais dinheiro que nos anos recentes. Desde 97 a média diária de
negócios não era tão elevada. Na
média, têm sido negociados neste
ano R$ 787,8 milhões por dia.
Analistas crêem que o volume
ainda seja tímido. "Há muito dinheiro para entrar na Bolsa, especialmente dos fundos de pensão",
diz Ricardo Schneider, gestor de
renda variável do ABN Amro Asset Management.
Se depender da vontade de Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa, muitos recursos
ainda vão migrar para o mercado
de ações. Em recente entrevista à
Folha, Magliano disse que a Bolsa
precisaria ter um giro de R$ 2 bilhões por dia, considerando o tamanho da economia brasileira.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Frase Índice
|