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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Atraídos por ganhos maiores, investidores e fundos de pensão elevam participação na Bolsa em 2003

Pessoa física já supera bancos na Bovespa

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A disparada da Bolsa de Valores de São Paulo e a queda dos juros nos últimos meses têm provocado uma mudança no perfil do investidor do mercado acionário.
A participação das pessoas físicas e dos investidores institucionais (basicamente fundos de pensão) superou a das instituições financeiras no volume negociado na Bolsa em 2003.
As instituições financeiras reduziram sua participação de 32,1% no volume negociado em 2002 para 18,3% neste ano (até novembro).
Já a participação dos investidores institucionais saltou de 17,6% nos negócios no ano passado para 28,9% neste ano. No mesmo período, o segmento de pessoa física aumentou de 20,8% para 24,5% sua participação.
Pelo menos desde 98, as instituições financeiras respondiam pela maior parcela do volume girado na Bolsa. Já os fundos de pensão nunca haviam representado mais que 20% do volume negociado. Os bancos, no entanto, tendem a voltar à Bolsa, com a queda dos juros [leia abaixo].
"Esse movimento deve seguir forte daqui para a frente. Para cumprir suas metas, os fundos de pensão terão de arriscar cada vez mais na Bolsa. O raciocínio vale também para a pessoa física, que, insatisfeita com os menores retornos da renda fixa e da poupança, vai continuar buscando nas ações uma alternativa", afirma Eduardo Fornazier, gestor da Santos Asset Management.
A Bovespa acumula valorização de 85,3% neste ano. É o melhor desempenho da Bolsa paulista desde 99, quando a alta no acumulado do ano superou os 150%. Além disso, atingiu nível recorde -20.879 pontos.
A caderneta de poupança, por sua vez, tem rentabilidade de apenas 11% neste ano. Os fundos DI (que acompanham os juros, que recuaram de 26,5% para 17,5% em 2003) dão ganho de 22%.
Levantamento da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) mostra que o volume de recursos do segmento aplicado em ações subiu de R$ 26,7 bilhões no fim de 2002 para R$ 31,2 bilhões em agosto deste ano.
Um fator que tem colaborado para a popularização da Bolsa entre o investidor pessoa física é a internet. O "home broker", criado em 99, permite que investidores façam pela rede mundial de computadores negócios de compra e venda de ações.
Em dezembro de 99, as operações pelo "home broker" somaram pouco mais de R$ 118 milhões (ou 0,77% do volume total negociado). No mês passado, os negócios pelo sistema chegaram a R$ 1,35 bilhão (ou 3,87% do total).
"Os ganhos crescentes da Bolsa a tornaram mais atrativa para a pessoa física. Nesse movimento, o "home broker" tem tido um papel importante. A trajetória dos juros em queda tende a empurrar cada vez mais pessoas para o mercado acionário", diz Carlos Eduardo ramos, sócio-diretor da ARX Capital Management.
Neste ano, a Bolsa tem girado mais dinheiro que nos anos recentes. Desde 97 a média diária de negócios não era tão elevada. Na média, têm sido negociados neste ano R$ 787,8 milhões por dia.
Analistas crêem que o volume ainda seja tímido. "Há muito dinheiro para entrar na Bolsa, especialmente dos fundos de pensão", diz Ricardo Schneider, gestor de renda variável do ABN Amro Asset Management.
Se depender da vontade de Raymundo Magliano Filho, presidente da Bovespa, muitos recursos ainda vão migrar para o mercado de ações. Em recente entrevista à Folha, Magliano disse que a Bolsa precisaria ter um giro de R$ 2 bilhões por dia, considerando o tamanho da economia brasileira.



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