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Juro cairá em ritmo mais lento, aponta BC
Copom não sinaliza, porém, quando começará a frear queda da Selic; mercado ainda vê chance de corte maior em janeiro
Ata divulgada ontem volta a traçar perspectivas positivas para a economia, com a ajuda de "impulsos fiscais" para o crescimento em 2007
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de reduzir os juros seguidamente durante um ano e
três meses, a diretoria do Banco Central já dá como certa a
necessidade de começar a baixar a taxa Selic de forma mais
lenta. A única dúvida é o momento em que essa maior cautela será adotada em 2007.
Esse foi o principal motivo de
discórdia na última reunião do
Copom (Comitê de Política
Monetária do BC), que, na semana passada, reduziu a Selic
de 13,75% ao ano para 13,25%.
Dos oito membros do Copom,
três defenderam uma queda de
0,25 ponto percentual nos juros, em vez do corte de 0,50.
Ontem, o BC divulgou a ata
da reunião. Segundo o documento, "houve consenso entre
os membros do comitê de que
diversos fatores respaldariam
tal decisão [reduzir a Selic em
0,25 ponto]". Mas o que valeu
foi a opinião da maioria: "As informações disponíveis neste
momento ainda não justificariam uma mudança de ritmo".
De forma geral, o mercado financeiro não reagiu mal ao
conteúdo da ata, por considerar
que, apesar da indicação de cortes menores nos juros, o BC não
afastou totalmente a possibilidade de voltar a promover uma
redução de 0,5 ponto na próxima reunião do Copom, marcada para o mês que vem.
"O mercado ficou muito impressionado com aquele 5 a 3,
como se fosse um sinal inexorável de um corte de 0,25 [ponto
percentual] em janeiro", diz
Alexandre Póvoa, diretor do
Modal Asset Management.
Na avaliação de Póvoa, a ata
da reunião do Copom realmente indica que o corte de janeiro
pode ser de 0,25 ponto, mas tudo dependerá do comportamento de alguns indicadores.
Ele ressalta, por exemplo, que o
resultado da produção industrial em outubro ficou abaixo
do esperado, o que favorece
queda maior dos juros.
Por outro lado, diz o economista, o BC continua preocupado em manter um equilíbrio
entre o consumo das pessoas e
a produção das empresas. A ata
do Copom afirma que "os dados
referentes à atividade econômica ainda sugerem uma baixa
probabilidade de que observemos pressões significativas sobre a inflação", mas lembra que
o aumento das importações é
um dos fatores que mantêm essa situação favorável.
Em tese, se o consumo cresce
de forma mais acelerada que a
produção, o resultado é um aumento de preços. Esse parece
ser o cenário atual, já que a expansão da demanda -impulsionada por uma maior oferta
de crédito e pela recuperação
da renda- não tem sido acompanhada por uma maior produção da indústria.
Importações
Com o dólar barato, porém,
esse maior nível de consumo
tem sido atendido pelos importados, reduzindo a pressão sobre a inflação. A dúvida, nesse
caso, é se essa situação é sustentável no longo prazo.
Daí a preocupação do governo em estimular os investimentos das empresas, pois, se
entender que a capacidade de
produção não está crescendo
em níveis satisfatórios, o BC
pode decidir conter a alta da
demanda -ou seja, frear o ritmo de crescimento econômico,
usando, para isso, os juros.
Mesmo com a possibilidade
de uma queda mais lenta dos
juros, o BC volta a afirmar que
as perspectivas para a economia são boas. Apesar das pressões para uma redução no nível
dos gastos públicos, o documento divulgado ontem afirma
esperar que "impulsos fiscais
ocorridos desde o último trimestre do ano passado e esperados para o próximo ano" continuem colaborando para a retomada do crescimento.
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