São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC vê sistema financeiro mais flexível

Medidas como a portabilidade de crédito reduzirão rigidez, diz Meirelles

Em encontro de bancos centrais na Suíça, presidente do BC sugere que permanecerá no posto no segundo mandato de Lula

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL À BASILÉIA

Consolidada a estabilidade de preços, o Brasil está tomando medidas para destravar a produção e flexibilizar o setor financeiro para crescer acima dos 3,8% que o Banco Central prevê para este ano, disse ontem o presidente do BC, Henrique Meirelles, na Basiléia (Suíça), onde participou da reunião bimestral de presidentes de BCs no Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Ao falar sobre os planos para acabar com o que o diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, classificou anteontem de "rigidez do setor financeiro" que prejudica o crescimento brasileiro, Meirelles citou projetos já definidos, como a conta-salário, e outros ainda em discussão, como a portabilidade do crédito -que permitiria fazer empréstimos em uma instituição, a taxas de juros menores, para pagar dívidas em outra.
Meirelles também destacou a Central de Riscos do BC, que tem o histórico de crédito de pessoas físicas e jurídicas e pode ser consultado por bancos autorizados pelo cliente. "A central cobre operações acima de R$ 5.000, mas até o meio do ano queremos que cubra todas acima de R$ 3.000 e, em 2008, acima de R$ 1.000."
Meirelles voltou a defender a tese de que a manutenção da inflação dentro da meta é crucial para o crescimento.
Segundo ele, há um consenso entre os presidentes de BCs de que projetos para crescer que causem um aumento da inflação são "coisa do passado".

Acordo Brasil-Argentina
O presidente do BC também deu mais detalhes sobre a negociação entre Brasil e Argentina para que as exportações dos dois países sejam pagas nas moedas locais, evitando os custos da conversão para o dólar.
Segundo Meirelles, uma reunião bilateral em fevereiro, após o encontro dos BCs do Mercosul em São Paulo, vai estabelecer procedimentos técnicos para a conversão direta, que está prevista para entrar em vigor até o meio deste ano.

Permanência no BC
Sempre evasivo ao falar sobre sua permanência no BC, Meirelles chegou o mais próximo de uma confirmação até agora ao comentar o pedido de mudanças na diretoria feito por servidores do banco ligados ao PT. "Não recebi nenhum pedido formal dos servidores do BC. A partir do momento em que o presidente anunciar a composição de seu ministério, vamos analisar os projetos pessoais de cada diretor e o meu plano de trabalho, e decidiremos", afirmou o presidente do BC.


Texto Anterior: Bancos: Bradesco pode comprar Banespa, afirma revista
Próximo Texto: Vaivém das comodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.