São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

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Analista acha que é cedo para avaliar riscos

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A preocupação de matar o doente com uma dose alta de remédio surge no final das enfermidades, mas há dúvidas se este momento já chegou, segundo economistas ouvidos pela Folha. No caso, o remédio seria o dinheiro injetado pelos BCs e a doença, a crise internacional, cujo sintoma é a falta de liquidez que trava os negócios.
Para o ex-diretor do Banco Central, Alkimar Moura, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), é prematura a preocupação de que um excesso de liquidez poderia levar à formação de bolhas porque o tamanho da crise é desconhecido.
"O problema do "subprime" [a crise dos créditos imobiliários ruins nos EUA] é que ninguém sabe realmente a sua extensão. Ninguém sabe o tamanho das quebras, falências e prejuízos que terão de ser assumidos. Os BCs estão provendo liquidez. O que é muito se eu não sei o tamanho do problema?"
Já Alexandre Jorge Chaia, do Ibmec-SP, vê risco de que um excesso de liquidez leve a um aumento de demanda generalizado, como adverte o Banco Mundial. "Vejo risco de que um excesso de dinheiro jogue para baixo taxas de juros e [avaliação de] riscos. As pessoas acabariam consumindo, manteria preço de commodities e isso geraria um processo inflacionário", disse.
Marcio Holland, da FGV, acredita que o maior risco para o Brasil venha de uma eventual recessão nos EUA. "Há um quadro de recessão nos EUA bem mais forte dos que muitos previam. Entramos em 2008, e a frase mais comum é: "não se sabe o tamanho da crise" ou se teremos recessão nos EUA."
Outro risco é o chamado "moral hazard", o "risco moral" de "salvar" investidores e instituições que se arriscaram em excesso. "Gera a sensação de que se você quebrar alguém vai lhe salvar. Se o BC salva, incentiva a continuar tomando risco, como emergentes", disse Chaia.


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