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Analista acha que é cedo para avaliar riscos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A preocupação de matar
o doente com uma dose alta de remédio surge no final das enfermidades, mas
há dúvidas se este momento já chegou, segundo
economistas ouvidos pela
Folha. No caso, o remédio
seria o dinheiro injetado
pelos BCs e a doença, a crise internacional, cujo sintoma é a falta de liquidez
que trava os negócios.
Para o ex-diretor do
Banco Central, Alkimar
Moura, professor da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), é prematura a preocupação de que um excesso de liquidez poderia levar à formação de bolhas
porque o tamanho da crise
é desconhecido.
"O problema do "subprime" [a crise dos créditos
imobiliários ruins nos
EUA] é que ninguém sabe
realmente a sua extensão.
Ninguém sabe o tamanho
das quebras, falências e
prejuízos que terão de ser
assumidos. Os BCs estão
provendo liquidez. O que é
muito se eu não sei o tamanho do problema?"
Já Alexandre Jorge
Chaia, do Ibmec-SP, vê
risco de que um excesso de
liquidez leve a um aumento de demanda generalizado, como adverte o Banco
Mundial. "Vejo risco de
que um excesso de dinheiro jogue para baixo taxas
de juros e [avaliação de]
riscos. As pessoas acabariam consumindo, manteria preço de commodities
e isso geraria um processo
inflacionário", disse.
Marcio Holland, da
FGV, acredita que o maior
risco para o Brasil venha
de uma eventual recessão
nos EUA. "Há um quadro
de recessão nos EUA bem
mais forte dos que muitos
previam. Entramos em
2008, e a frase mais comum é: "não se sabe o tamanho da crise" ou se teremos recessão nos EUA."
Outro risco é o chamado
"moral hazard", o "risco
moral" de "salvar" investidores e instituições que se
arriscaram em excesso.
"Gera a sensação de que se
você quebrar alguém vai
lhe salvar. Se o BC salva,
incentiva a continuar tomando risco, como emergentes", disse Chaia.
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