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Resultado eleva pessimismo sobre indústria e PIB no final do ano
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A forte queda na produção de
veículos acabou com as esperanças de que a indústria tivesse tido, em dezembro, um desempenho menos ruim do que
em novembro. Diante da queda
de 47,1% enfrentada pelas
montadoras no mês passado,
economistas da MCM Consultores concluíram que o tombo
do setor industrial deve chegar
a 7% em dezembro em relação a
novembro.
Antes da divulgação do número pela Anfavea, ontem, esperava-se que a indústria tivesse encolhido entre 1% e 2,5%
em dezembro, depois de cair
5,2% em novembro.
"Os dados das montadoras
mostraram que a atividade econômica está mergulhando de
cabeça", diz Luiz Rabi, economista da MCM Consultores.
"Ficou evidente que a redução
do IPI para veículos, anunciada
em dezembro, não foi suficiente para esvaziar os estoques."
A queda surpreendeu os especialistas, que esperavam uma
produção 20% menor nas montadoras em dezembro. "O crédito está mais caro e, assustado
com os efeitos da crise, o consumidor tem evitado assumir dívidas", afirma o economista
Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria.
O tombo do setor automobilístico também ajudou a derrubar as expectativas em relação
à atividade econômica no quarto trimestre. A queda prevista
no PIB (Produto Interno Bruto), antes de 1% em relação ao
terceiro trimestre, passou para
1,3%, segundo o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.
As expectativas se mantêm
sombrias para os primeiros
meses de 2009. "Não há indicadores econômicos mostrando
nenhuma melhora que nos permita esperar um primeiro trimestre melhor na indústria e
na economia", diz Rabi.
Para especialistas, além do
IPI, seriam necessárias outras
medidas para incentivar as
vendas. "Os Estados precisam
entrar nesse esforço, também
cortando ICMS", diz Gilberto
Braga, professor do Ibmec-Rio.
"Afinal, eles também sentirão o
efeito da crise na arrecadação
com a queda nas vendas."
Juros
O resultado da indústria automotiva acentuou a expectativa de corte na taxa de juros pelo
Banco Central. Hoje, a taxa está
em 13,75% ao ano. A próxima
reunião será nos dias 20 e 21.
"A desaceleração da indústria consolidou a expectativa de
corte de 0,5 ponto percentual
na Selic, mas um corte de 0,75
ponto já não surpreenderia
ninguém", diz Rosa. "A indústria automotiva é um indicador
muito importante da atividade
econômica, e o Copom não é insensível a isso", diz Andrade.
Na avaliação do professor da
Unicamp Julio Gomes de Almeida, os últimos indicadores
industriais deixam o BC sem
argumentos para manter os juros no nível atual. "O grau de
utilização da capacidade instalada da indústria caiu de 85%
antes da crise para 79% agora e
não há perspectiva de que volte
a subir. E o BC é muito sensível
a esse indicador."
Com PAULO DE ARAUJO,
colaboração para a Folha
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