São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Resultado eleva pessimismo sobre indústria e PIB no final do ano

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A forte queda na produção de veículos acabou com as esperanças de que a indústria tivesse tido, em dezembro, um desempenho menos ruim do que em novembro. Diante da queda de 47,1% enfrentada pelas montadoras no mês passado, economistas da MCM Consultores concluíram que o tombo do setor industrial deve chegar a 7% em dezembro em relação a novembro.
Antes da divulgação do número pela Anfavea, ontem, esperava-se que a indústria tivesse encolhido entre 1% e 2,5% em dezembro, depois de cair 5,2% em novembro.
"Os dados das montadoras mostraram que a atividade econômica está mergulhando de cabeça", diz Luiz Rabi, economista da MCM Consultores.
"Ficou evidente que a redução do IPI para veículos, anunciada em dezembro, não foi suficiente para esvaziar os estoques."
A queda surpreendeu os especialistas, que esperavam uma produção 20% menor nas montadoras em dezembro. "O crédito está mais caro e, assustado com os efeitos da crise, o consumidor tem evitado assumir dívidas", afirma o economista Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria.
O tombo do setor automobilístico também ajudou a derrubar as expectativas em relação à atividade econômica no quarto trimestre. A queda prevista no PIB (Produto Interno Bruto), antes de 1% em relação ao terceiro trimestre, passou para 1,3%, segundo o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.
As expectativas se mantêm sombrias para os primeiros meses de 2009. "Não há indicadores econômicos mostrando nenhuma melhora que nos permita esperar um primeiro trimestre melhor na indústria e na economia", diz Rabi.
Para especialistas, além do IPI, seriam necessárias outras medidas para incentivar as vendas. "Os Estados precisam entrar nesse esforço, também cortando ICMS", diz Gilberto Braga, professor do Ibmec-Rio.
"Afinal, eles também sentirão o efeito da crise na arrecadação com a queda nas vendas."

Juros
O resultado da indústria automotiva acentuou a expectativa de corte na taxa de juros pelo Banco Central. Hoje, a taxa está em 13,75% ao ano. A próxima reunião será nos dias 20 e 21.
"A desaceleração da indústria consolidou a expectativa de corte de 0,5 ponto percentual na Selic, mas um corte de 0,75 ponto já não surpreenderia ninguém", diz Rosa. "A indústria automotiva é um indicador muito importante da atividade econômica, e o Copom não é insensível a isso", diz Andrade.
Na avaliação do professor da Unicamp Julio Gomes de Almeida, os últimos indicadores industriais deixam o BC sem argumentos para manter os juros no nível atual. "O grau de utilização da capacidade instalada da indústria caiu de 85% antes da crise para 79% agora e não há perspectiva de que volte a subir. E o BC é muito sensível a esse indicador."


Com PAULO DE ARAUJO, colaboração para a Folha


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