São Paulo, sábado, 09 de janeiro de 2010

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Desemprego avança para 10% na zona do euro

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Uma em cada dez pessoas que vivem na zona do euro em idade economicamente ativa estava desempregada em novembro. É o maior índice registrado na região desde 1998; um contingente estimado em 15,7 milhões que ganhou 3 milhões de nomes em um ano e continua a inflar, apesar dos sinais de arrefecimento da crise.
Se analisados todos os 27 países da União Europeia, o número sobe para 22,9 milhões de pessoas, ou 9,5% da população economicamente ativa -um recorde na série aberta em 2000, informou o Eurostat, órgão estatístico do bloco.
Em outubro, o índice de desemprego era de 9,9% na zona do euro e de 9,4% na UE. Apesar de o avanço ter sido percentualmente inócuo, ele significa que mais 185 mil pessoas perderam o emprego em um mês. Na comparação com 2008, o salto é bem maior: de dois pontos em ambos os casos, ou 4,9 milhões de pessoas na UE.
A falta de trabalho é uma das maiores preocupações -senão a maior- da região em 2010, definido pela comissão europeia como "Ano do Combate à Pobreza e à Exclusão".
Embora tenha aumentado menos abruptamente do que nos EUA, analistas preveem que o índice demore a diminuir mais na Europa do que do outro lado do Atlântico, onde os atuais 10% de novembro já são um recuo sobre outubro.
Isso porque a UE optou por uma estratégia anticrise voltada para o mercado de trabalho, criando turnos menores e postos temporários para conter a sangria. Com a recuperação da economia, a tendência é que primeiro esses turnos curtos sejam ampliados para só depois o número de vagas crescer.
Nos EUA, onde as vagas foram simplesmente cortadas, a reabertura diante do reaquecimento é quase automática.
Por conta desse atraso, a expectativa da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 31 países ricos) é que o desemprego no bloco continue a subir pelo menos até 2011.

Jovens e espanhóis
A perda de vagas é especialmente grave entre os jovens de até 25 anos -1 em cada 5 não tem emprego. O salto de 4,5 pontos em um ano alimentou temores de uma "geração perdida", excluída do mercado formal de trabalho e condenada a engavetar os diplomas universitários e a viver de bicos.
Na Espanha, o pior caso, esse número chega a espantosos 43,8% (em torno de 30% se a fatia for ampliada até os 30 anos).
O país também continua a ser o campeão de desemprego na Europa Ocidental, com um índice de 19,4% que perde somente para a Letônia, cuja fila mais do que dobrou de 10,2% para 22,3% em um ano.
Dos 27 países membros, só a Áustria registrou recuo na taxa de outubro (5,6%) para novembro (5,5%). Quatro outros apresentaram estabilidade, sendo o principal a Alemanha.
A maior economia europeia tem seu desemprego congelado em 7,6% desde setembro. Dos outros dois motores do bloco, a França seguiu a curva de 9,9% para 10%, e o Reino Unido não apresentou dados ainda para os três últimos meses de 2009. Em setembro a taxa no país era de 7,9%.
O menor desemprego da União Europeia está na pequena Holanda: invejáveis 3,9%.

Recessão
A Eurostat confirmou ontem que o PIB da zona do euro cresceu 0,4% no terceiro trimestre de 2009 em relação aos três meses anteriores, o que tirou a região da recessão após cinco trimestres de queda.
Os investimentos foram mais fracos que o esperado, contudo, conforme a revisão dos dados. Os investimentos puxaram o PIB em menos 0,2 ponto percentual, ante o anteriormente reportado de menos 0,1 ponto.


Com a Reuters


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