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Especuladores já apostam US$ 8 bilhões contra o euro
Operadores e fundos de hedge tentam lucrar com previsão de desvalorização
Espanha decepciona mercado após sinalizar que vai captar 76,8 bilhões com emissão de dívida em 2010; papéis têm juro elevado
DO "FINANCIAL TIMES"
Operadores e fundos de hedge apostaram quase US$ 8 bilhões contra o euro, moeda que
tem se desvalorizado nas últimas semanas devido à crise da
dívida no sul da Europa. Trata-se da maior posição já feita para
ganhar com a desvalorização da
moeda europeia desde o seu
lançamento, em 1999.
Segundo a Bolsa Mercantil
de Chicago, principal praça de
negociação de contratos futuros de moedas, os investidores
elevaram suas apostas contra o
euro para níveis recordes no final de janeiro e início de fevereiro. Na sexta, o euro chegou a
ser negociado a US$ 1,3583, a
mais baixa cotação em oito meses. Ontem, recuperou um pouco o terreno e foi negociado a
US$ 1,3652 no final da tarde em
Nova York.
A concentração das chamadas "posições vendidas" (que
apostam na baixa) representa
mais de 40 mil contratos negociados contra a moeda unificada, o que equivale a US$ 7,6 bilhões em apostas até o último
dia 2. Isso sugere que os investidores estão perdendo a confiança na capacidade do euro de
resistir ao contágio dos problemas fiscais na Grécia e em outros países da região.
Em meio ao crescente nervosismo, Elena Salgado, ministra
espanhola das Finanças, e José
Manuel Campa, seu vice, viajaram a Londres a fim de conversar com investidores no mercado de títulos. Eles reafirmaram
as promessas de reduzir o deficit orçamentário do país para
3% do PIB até 2013, ante os
11,4% do ano passado.
Mas sua revelação de que o
Tesouro planejava arrecadar
um total líquido de 76,8 bilhões com a emissão de novos
títulos de dívida em 2010 inquietou ainda mais os mercados. A soma a ser levantada é
inferior aos 116,7 bilhões de
2009, mas ficou acima das expectativas dos mercados.
Fraqueza
A notícia levou os rendimentos dos títulos do governo espanhol, que têm relação inversa
com os preços, a uma alta acentuada. O ágio com relação aos
títulos do Tesouro alemão exigido pelos investidores para
aquisição de papéis atingiu um
ponto percentual.
Os analistas afirmam que o
sentimento com relação ao euro piorou devido às preocupações sobre a situação fiscal da
Grécia. Essas preocupações se
espalharam a outros países na
periferia da zona do euro que
ostentam fortes deficit fiscais e
altos custos trabalhistas. Chegaram até a surgir temores
quanto à capacidade de sobrevivência do euro.
Thomas Stolper, economista
do banco Goldman Sachs, disse
que a queda no euro era sintoma das preocupações mais amplas com relação à sustentabilidade das dívidas soberanas da
Europa e da união monetária.
"Acreditamos que seja mais
provável que a Grécia receba alguma forma de apoio fiscal dos
demais países da zona do euro,
para não incorrer em risco de
moratória", disse Stolper.
"Mas por trás dessa preocupação intensa com a Grécia
existe, evidentemente, a questão já antiga e ainda não resolvida de como impor disciplina
fiscal a uma união monetária
entre nações soberanas."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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